Sem apoio, Roberto Landell de Moura foi um pioneiro da comunicação no Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 21/01/2016 14h31
DIVULGAÇÃO Jornalista Moacyr Castro fala sobre a importância de Padre Landell de Moura (foto) para o rádio brasileiro

 A história do rádio no Brasil passa pela Avenida Paulista desde o fim do século retrasado. Há 155 anos, no dia 21/01, nascia o padre gaúcho Roberto Landell de Moura. Se o italiano Guglielmo Marconi avançava na transmissão de sinais eletrônicos sem fio na Europa entre 1893 e 1894, na mesma época, o cientista brasileiro já propagava a voz por meio do ar.

O jornalista Moacyr de Castro, conhecedor da vida do pioneiro Landell de Moura, conta que isso aconteceu bem aqui onde hoje está a sede da rádio Jovem Pan: “Ele fazias seus testes na esquina da Avenida Paulista com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima e a 8 km em linha reta existia o posto de recepção dele que ficava no Mirante de Santana”.

Landell de Moura nasceu em 1961 em Porto Alegre. Ele estudou muito em Roma, longe de ser um professor Pardal, como nos conta o criador do Memorial Landell de Moura, Ivan Dorneles Rodrigues: “Não, ele não era um Professor Pardal, ele era doutor em física e em química. Quando ele se dirigiu a Roma para se tornar sacerdote, simultaneamente ele também se matriculou na Universidade Gregoriana”. Com recursos próprios, Landell foi aos Estados Unidos onde conseguiu registrar patentes de seus inventos, um dos quais, um pioneiro modelo de telefone sem fio.

Mas fica a pergunta, como um homem tão audacioso não conseguiu o mesmo reconhecimento de outros inventores, como o próprio Marconi? O jornalista Moacyr de Castro diz que ele não teve apoio do próprio país: “As descobertas do Landell não puderam ser aplicadas porque ele não tinha o que o Marconi teve: o reconhecimento das autoridades do seu país. Lá na Europa os estudos do Marconi eram incentivados pelo governo italiano e, posteriormente, pelo governo inglês”.

E, para completar, ele enfrentou perseguição de setores da própria igreja, como relata o criador do Memorial Landell de Moura, Ivan Dorneles Rodrigues: “Imagina naquela época, ele era uma pessoa muito avançada para o seu tempo. Evidentemente as pessoas ficaram imaginando mil coisas”.

Roberto Landell de Moura morreu em 1928, aos 67 anos, de tuberculose. E, mesmo que muita gente não saiba, parte do legado dele circula pelos ares, como nas ondas das reportagens da Jovem Pan.

Reportagem: Tiago Muniz

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.