Venezuela está em guerra civil de baixa intensidade, avalia especialista

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2017 14h22
VEN46. CARACAS (VENEZUELA), 23/06/2017.- Manifestantes se enfrentan a la autoridades hoy, viernes 23 de junio de 2017, durante una protesta en Caracas (Venezuela). Un centenar de personas se enfrentó hoy, por segundo día consecutivo, a efectivos de la Guardia Nacional Bolivariana (GNB, policía militarizada) frente a la base aérea militar de La Carlota en Caracas, después de que culminara el denominado "trancazo" convocado por la oposición venezolana. EFE/Cristian J. Hernández EFE/Cristian J. Hernández Manifestantes enfrentam autoridades venezuelanas em protesto em Caracas nesta sexta (23)

A situação na Venezuela se agrava após dois meses de protestos no País, desde que a suprema Corte restringiu os poderes do Congresso. O número de mortos nos atos chegou a 75 após a morte de um jovem pela Guarda Bolivariana, a polícia do presidente Nicolás Maduro.

Alberto Pfeifer, coordenador do grupo de análise de conjuntura internacional da Universidade de São Paulo, especialista em América Latina, entende que há na Venezuela uma “guerra civil de baixa intensidade, porque a oposição dispõe de armamentos de baixíssimo potencial ofensivo”.

“A Venezuela já está num processo de enfrentamento e derramamento de sangue”, diz. “A oposição nas ruas de modo constante permanente há mais de dois meses e o governo tem parte da população que apoia”.

Pfeifer vê dificuldades de outros países intervirem na Venezuela. 

“A comunidade internacional pode repreender, mas tem muito pouco do que exercer em termos práticos”, analisa. “O processo constitucional venezuelano vem sendo mais ou menos respeitado, embora em latitude inédita, que afasta a Venezuela da democracia e aproxima o País de uma ditadura”.

“A configuração de uma infração à ordem constitucional é muito tênue no caso venezuelano. Ainda não se conseguiu fazer isso. Todas as vezes em que a Venezuela foi chamada a se explicar, as explicações foram minimamente satisfatórias. Não há juridicamente o que fazer”

“Não temos um poder tripartite tradicional, legislativo, executivo e judiciário. Há uma multiplicidade de poder, com mesas sociais, entre outros”, explica. “Enquanto parte das forças armadas seguirem apoiando o governo de Nicolás Maduro, o regime vai se manter no poder”. O especialista destaca que a repressão de fato tem sido feita pela guarda nacional bolivariana, mas que “por enquanto não há sinais de mudança de lado das forças armadas”.

O estrangulamento econômico que o país sofre também é diferente do tradicional, explica Pfeifer. “É uma situação bizarra, um sufocamento invertido. A Venezuela não tem dinheiro para comprar bens. A população enfrenta falta de bens de necessidade básica e fome. Não é o sufocamento de países de fora impondo isso ao regime.”

Colômbia, Brasil e Guiana são os países vizinhos onde a crise venezuelano repercute. Mas as instâncias para que uma pressão internacional de fato seja feita são Unasul, Organização dos Estados Americanos (OEA) e ONU.

Ouça a entrevista completa de Alberto Pfeifer ao Jornal da Manhã AQUI.

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