Manutenção de provas da JBS gera divergência entre juristas e advogados envolvidos na Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 05/09/2017 14h42 - Atualizado em 05/09/2017 14h42
BRA111. LAPA (BRASIL), 21/03/2017 - Vista general de la compañía del grupo cárnico JBS Seara en la ciudad de Lapa, estado de Paraná, Brasil, la cual fue inspeccionada por el ministerio de Agricultura de Brasil, Blairo Maggi, hoy martes 21 de marzo de 2017. Según la policía, varias de las principales cárnicas del país, entre ellas JBS y BRF, con la complicidad de fiscales sanitarios corruptos, "maquillaron" con productos químicos carnes que estaban en mal estado y no cumplían con los requisitos para la exportación.EFE/Joédson Alves Joédson Alves/EFE Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que, mesmo se for cancelada, provas colhidas na delação dos executivos da JBS seguirão válidas

A manutenção das provas da JBS, mesmo se a delação premiada for anulada, opõe juristas e os advogados que defendem os envolvidos na operação Lava Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou que vai apurar indícios de omissão de informações e práticas de crimes no acordo feito com a empresa. Ele ressaltou que os benefícios para a colaboração dos irmãos Joesley e Wesley Batista poderão ser cancelados. No entanto, ele destacou que as provas colhidas no processo continuam valendo.

Os defensores da Lava Jato temem que a anulação do acordo vá abrir um precedente para outros investigados. O presidente da Associação dos Juízes Federais, Roberto Veloso, saiu em defesa de Janot.

“As provas são hígidas. Elas são válidas. Porém, os delatores não podem se beneficiar de terem omitido informações ou de terem prestado informações falsas. Porque isso iria de encontro ao próprio sentido da delação, que é colaborar com as investigações”, afirmou.

Veloso reiterou que existe uma campanha para enfraquecer a Lava Jato no País. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende envolvidos na operação, acha que as provas da JBS deveriam ser canceladas.

“Se o próprio procurador-geral da República vai invalidar, vai anular uma delação, o que ele está dizendo, rigorosamente, é que o delator mentiu. O delator omitiu. Essa afirmação terá que ser questionada no poder judiciário. É claro que a palavra do delator que perde a delação passa a não ter sentido jurídico, nenhuma validade”, explicou o advogado.

Kakay destacou ainda que sempre defendeu uma análise mais rigorosa das delações premiadas. O presidente da OAB, Cláudio Lamachia, disse que todas as provas, como as gravações envolvendo autoridades, precisam ser esclarecidas.

“Eu defendo que, de fato, nós tenhamos um levantamento do sigilo sobre esses áudios, que todos nós possamos conhecer e saber exatamente o que está acontecendo nesses fatos que foram trazidos pelo procurador-geral da República.”

O presidente da OAB citou um novo áudio em que Josesley Batista fala de Carmen Lúcia, Dilma Roussef e de uma gravação com José Eduardo Cardozo.

Já o presidente Michel Temer, declarou que respeita as decisões da Procuradoria-Geral da República.

“Eu não falo sobre isso. Eu tenho que ter a maior serenidade, como sempre tive. Respeito todas as decisões que forem tomadas pela Justiça, pela Câmara dos Deputados, pela Procuradoria-Geral…eu tenho que respeitá-los, mas devo falar uma palavra sobre isso. (recebeu a notícia do possível cancelamento da delação) Com a serenidade de sempre. Não houve uma alteração sequer. Aliás, desde o início”, disse o presidente.

Temer pode ser denunciado de novo pelo procurador Rodrigo Janot, pelo envolvimento na delação da JBS.

*As informações são de Thiago Uberreich

 

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