Moro, certo ou errado, revelou a “podridão que se esconde no poder”, diz ministro

  • Por Jovem Pan
  • 18/03/2016 12h04
Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil Sérgio Moro

 Juízes das cortes superiores reagiram às acusações do ex-presidente Lula sobre as Casas de Justiça. Em grampo telefônico, o investigado da Operação Lava Jato acusa o Judiciário de covardia. O maior líder petista atacou os magistrados em uma conversa telefônica com a presidente Dilma Rousseff, grampeada pela Polícia Federal. Lula foi duro com os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça: “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, um Supremo Tribunal de Justiça totalmente acovardado”.

O presidente do STF reagiu e disse que não há covardia na ação dos juízes da Corte Suprema. Ricardo Lewandowski lembrou que é elevada e pesada a missão constitucional dos ministros: “Manter a supremacia da Constituição Federal e a manutenção do estado democrático de direito. Tenho certeza que os juízes desta Casa não faltarão aos cidadãos brasileiros no cumprimento desse elevado múnus”. O decano do STF considerou a opinião de Lula insultuosa, autocrática e arrogante.

Sem citar o nome do ex-presidente, o ministro Celso de Mello sinaliza que é Lula quem está com medo da lei e da Justiça: “Em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livre e independentes”.

Já o ministro do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, fez um elogio à atuação do juiz Sérgio Moro. O presidente da terceira turma do STJ rebateu com veemência as palavras do ex-presidente Lula: “Esta Casa não é uma Casa de covardes. É uma Casa de juízes íntegros, que não recebem doações de empreiteiras. É estarrecedor, a ironia, o cinismo daqueles que cometem um delito e querem se esconder atrás de uma falsa alegada violação de direitos. Diz que se revelou o que não poderia revelar, mas não se nega os fatos porque não tem como negar aquilo que está gravado. A atitude do juiz Moro, gostem ou não, certa ou errada, revelou a podridão que se esconde atrás do poder. Se alguns caciques do judiciário se incomodam ou invejam o prestígio que ele adquiriu, lamento”.

As palavras do Ministro Noronha irritaram o Subprocurador-geral da República, João Pedro de Saboia Bandeira. Ele acusou Noronha de fazer discurso partidário e se retirou do STJ afirmando que não é de direita, nem golpista.

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