Editorial: Dilma consegue errar até quando acerta!

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2014 18h31
Antônio Cruz/ABr Alexandre Tombini

Olhem aqui. Eu não sei que espírito ruim tomou conta do Palácio do Planalto para transformar, com tanta determinação, até mesmo o acerto num erro. A que me refiro?

A presidente Dilma Rousseff decidiu anunciar a quase nova equipe econômica nesta quinta, amanhã. É “quase” nova porque, na presidência do Banco Central, continuará Alexandre Tombini, que já demonstrou ser independente na medida do suportável para Dilma, se é que me entendem. Para o Planejamento, vai Nelson Barbosa, e Joaquim Levy — este, sim, a novidade — assumirá a Fazenda.

A equipe será anunciada nesta quinta, mas, por qualquer razão insondável, não tomará posse de imediato. E quando será? Ainda não se sabe. Então ficamos assim: Guido Mantega foi demitido faz tempo, mas continuou no cargo; Levy, tudo indica, assume o cargo, mas ainda não foi admitido. Que estranho jeito de fazer as coisas! Ninguém parece ter contado à presidente Dilma que a reta é a menor distância entre dois pontos. A curva, os zigue-zagues, as voltas em torno do próprio eixo, tudo isso só serve para movimentos de procrastinação.

Levy e Barbosa vão integrar a equipe de transição… Como? É mais uma jabuticaba, mais uma inovação: é a transição de um grupo para si mesmo. Isso simplesmente não faz o menor sentido.

Fica parecendo que esse movimento, digamos, quântico, daquele que é e não é ao mesmo tempo, serve para amansar alguns espíritos, como se Dilma tentasse fazer com que Levy fosse digerido aos poucos; como se ele não atendesse, nesse momento, não às necessidades desse ou daquele grupo, mas às necessidades do país.

Aliás, um grupo de sedizentes intelectuais petistas resolveu lançar um manifesto contra as indicações de Levy para a Fazenda e de Kátia Abreu para a Agricultura. Estão na lista o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o jornalista André Singer (ex-porta-voz de Lula), João Pedro Stedile, o maior latifundiário do país e promotor de invasões de terra, e o suposto teólogo de meia-pataca Leonardo Boff.

A imprensa perdeu a noção do que seja um “intelectual”. Quem, nesse grupo, produziu alguma obra de referência, que ficará para as gerações futuras? Quem ali será lido ou lembrado daqui a 30 anos em razão de uma ideia original — e boa — que seja? Quem ali é mais do que mero esbirro do grupo que está no poder?

Ora, então ofereçam o caminho a Dilma, não é mesmo? Se Levy e Kátia não servem, quem serve? Por que Dilma teria feito essas escolhas e não outras? A esquerda que essa gente representa tem quantos votos mesmo?

Intelectuais petistas? Não! Essa gente precisa é de alguma ocupação.

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