Pingo Final: Os gênios da raça querem desestabilizar Levy

  • Por Jovem Pan
  • 24/08/2015 13h08
O Ministro da Fazenda, Joaquim Levy chega para reunião com o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão ( Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Ministro da Fazenda

Quando faltam competência, clareza, eixo, propósito, objetividade e, sobretudo, dinheiro, é preciso que se arrume um bode expiatório. Segundo se depreende de texto de Natuza Nery, na Folha desta segunda, não são apenas as alas mais à esquerda do PT que têm o ministro Joaquim Levy (Fazenda) como alvo. Agora, setores palacianos e do próprio PMDB começam a atribuir ao ministro as dificuldades por que passa o governo.

Parece piada, mas é assim. E não que o ministro seja, vamos dizer, aquele portento que parecia ser quando entrou com a fama de “Levy Mãos de Tesoura”. Perdeu embates essenciais. Vejam o caso do superávit primário, que despencou de 1,1% do PIB para 0,15% — se é que será feito; hoje, existe é déficit primário. Ok. Depois de resistir, ele cedeu à realidade. Mas é evidente que não conseguiu fazer o que pretendia.

Na semana passada, o governo deu uma “amantegada” na economia e resolveu conceder empréstimos a juros subsidiados a setores da indústria, uma das políticas que o ministro considera equivocadas. Foi posto de escanteio nesse particular. Por outro lado, caiu sobre as suas costas a reoneração da folha de pagamentos — cuja desoneração ele chamou de “tosca” logo nos primeiros dias à frente da pasta.

Agora, a avaliação palaciana — cujos bastidores são, vá lá, regidos por Aloizio Mercadante — é que falta habilidade ao ministro. Recentemente, ele se indispôs com Eliseu Padilha, que responde — notem a bagunça! — pela Secretaria de Aviação, mas também pela distribuição de cargos e verbas. O ministro avisou que não haveria os R$ 500 milhões em emendas parlamentares que Padilha havia negociado com a base.

A Folha resolveu ouvir o ministro da Fazenda sobre o atrito, e a resposta foi esta:
“Apoio o ministro Padilha. Também estou frustrado. Frustrado porque falta dinheiro, e não temos como produzir mais dinheiro, então é preciso realocar o que existe dentro dos ministérios. Estamos tentando fazer o máximo com o que temos”.

A resposta não deixa a menor dúvida sobre a penúria, hoje, dos cofres públicos. E há nela uma ironia delicada, mas clara: a questão não é de gosto, mas de fato.

Que coisa! Michel Temer já está com um pé fora da coordenação política. A onda agora é ajudar a desestabilizar Levy. Essa gente não tem cura! O lobo muda de pelo, mas não de vício.

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