“Temer caiu numa cilada e flagrante forjado”, diz deputado aliado

  • Por Jovem Pan
  • 18/05/2017 11h59
Agência Câmara Carlos Marun - Agencia Camara

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos árduos defensores de Eduardo Cunha quando este ainda era presidente da Câmara, veio à público para defender o governo de Michel Temer, abaldo pela divulgação de trechos da delação da JBS, que implicam diretamente o presidente.

Marun, que visitou Temer no Palácio do Planalto na noite desta quarta (17) para “apresentar solidariedade”, diz que “trocou algumas palavras” com o presidente e o encontrou “triste com essa situação”. “Mas essa é uma crise superável”, diz o deputado.

O aliado de Cunha também notou Michel Temer inconformado. “Eu vi até uma certa inconformidade do presidente. Ele com a experiência de anos e anos na política, acaba caindo numa cilada, num flagrante forjado”, classificou Marun, sem negar o conteúdo da conversa, mas pedindo a divulgação do áudio.

Temer foi gravado em conversa com o dono da JBS Joesley Batista, no Palácio do Jaburu, autorizando o pagamento de mesada para silenciar Eduardo Cunha na prisão. O presidente da República também teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial, para resolver assunto da J&F. Ele foi filmado depois recebendo mala de R$ 500 mil enviados por Joesley. Os dados foram revelados pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e constam em delação premiada dos donos da JBS apresentada ao STF.

Em nota, o Palácio do Planalto confirmou o encontro de Temer com Joesley, mas afirmou que “jamais solicitou pagamento” a Cunha.

O deputado também criticou o que chama de “colaboração premiadíssima” do empresário da JBS. Marun diz que Joesley Batista é um “empresário que ficou bilionário em função dos favores recebidos no governo do PT” e “passou de forma intencional a provocar um diálogo com o presidente” para complicar a situação de Temer.

“Aparentemente o objetivo do acordo era ele criar provas que pudessem comprometer o presidente e vai ao presidente com o objetivo de estabelecer um diálogo comprometedor e gravar esse diálogo”, narra o parlamentar. “É óbvia essa intenção desse diálogo e isso acontece”, assume.

Marun chama a divulgação do conteúdo da delação de “vazamento seletivo”. Ele avalia que Temer “não foi coagido a dizer o que disse, mas efetivamente foi induzido pelo diálogo que se estabeleceu”.

Economia, PT e Cunha

“Lamento muito que isso esteja acontecendo no momento em que o Brasil começava a decolar e inclusive a gerar empregos”, diz também Marun. Apesar dos números favoráveis da inflação e do PIB, o último número de desemprego divulgado pelo IBGE, em abril, mostrou novo recorde de 14,2 milhões de brasileiros sem trabalho (13,7%).

“Não é meu papel bater bumbo agora de uma hipocrisia petista de uma delação em que parece que o único inocente de tudo isso é o presidente Lula”, avalia Marun. Diante da sensação de que “ninguém se salva” na política, o aliado de Temer e Cunha garante: “Eu me salvo. Eu tenho certeza que me salvo”. Ele não respondeu, no entanto, se sabia da suposta “mesada” que Eduardo Cunha recebia na prisão

“Estive visitando Eduardo cunha uma única vez em 30 de dezembro de 2016 e, de lá para cá, não estabeleci mais nenhum contato com nenhuma pessoa que tenha tido contato com Eduardo Cunha nesse processo”, garante o parlamentar que defendia o ex-presidente da Câmara na comissão de Ética quando este era acusado de ter mentido sobre contas no exterior.

Carlos Marun hoje nega que tenha tido “grande ligação com Eduardo Cunha”. “Não. Eu simplesmente o defendi regimentalmente naquele processo”, alega.

Ele explica, então, por que visitou Cunha na prisão.

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