A decepção na vitória de Angela Merkel

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 26/09/2017 09h30
EFE Para Angela Merkel, será uma tarefa mais penosa formar uma nova coalizão de governo do que foi vencer as eleições

Em maio, foi alívio no mundo civilizado com a vitória retumbante de Emmanuel Macron contra Marine Le Pen nas eleições francesas. Agora no domingo, foi a vitória decepcionante de Angela Merkel nas eleições alemãs.

A diferença, claro, é que em maio a escolha era binária em eleições presidenciais. No domingo, havia espaço para voto de protesto em eleições parlamentares. E, assim foi a decepção para aliança conservadora de Angela Merkel com 33% dos votos e os melancólicos 20% para os social-democratas, que até agora integravam uma grande coalizão de governo. O tédio político acabou na Alemanha.

A grande história, obviamente, é a entrada no Parlamento da extrema direita, pois a Alternativa para a Alemanha arrebatou 13% dos votos. E olha que o partido se radicalizou rapidamente, deixando de ser meramente cético sobre o projeto europeu para desfraldar bandeiras xenfóbicas e islamofóbicas.

Vale ressaltar o desalento da comunidade judaica alemã com o desempenho da Alternativa para a Alemanha, que diz amar Israel para esconder o fato de ser abrigo de antissemitas e assumir que basta de culpa alemã e tanto papo sobre o Holocausto.

Quem diria que até na Alemanha o extremismo prospera e seu endereço preferencial é na banda oriental, pois, além da extrema direita, a extrema esquerda teve bom desempenho por lá. No domingo, 1 em 5 alemães votou em partidos extremistas.

Para Angela Merkel, será uma tarefa mais penosa formar uma nova coalizão de governo do que foi vencer as eleições. O arranjo com a social-democracia é mais improvável. Uma opção é uma aliança com pequenos partidos respeitáveis de esquerda e direita.

Angela Merkel acabará formando sua coalizão, mas sem dúvida o centro está enfraquecido na Alemanha. A Europa cheia de ansiedade sobre economia e identidade chegou na robusta Alemanha.

O bunker resiste contra a invasão dos bárbaros (e aqui me refiro a partidos populistas e/ou extremistas). Angela Merkel, relutante líder do mundo livre e civilizado, é mais indispensável do que nunca.

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