O Idiota – não o de Dostoiévski

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 14/10/2017 14h46 - Atualizado em 14/10/2017 14h58
EFE Trump é sempre uma zona híbrida entre realidade e fantasia; entre sanidade e alucinação

Mais uma semana memorável nos EUA sob a administração de Donald Trump. Previsões são fáceis. A próxima semana também reserva grandes emoções. Afinal, este é o show prometido por Donald Trump e como nós, da imprensa, não vamos participar?

Esta foi uma semana em que o quadragésimo-quinto presidente dos EUA desafiou seu próprio secretário de Estado, Rex Tillerson, para uma disputa para saber quem tem o QI mais alto. Sempre que o presidente abre a boca, algum assessor acorre para limpar a bobagem.

E qual foi a justificativa da porta-voz da Casa Branca? Foi apenas uma brincadeira. Será? Como Trump é sempre uma zona híbrida entre realidade e fantasia; entre sanidade e alucinação. Para nós, da imprensa, entre levar tudo na galhofa ou realmente ficar sobressaltado.

Basta colocar no contexto este desafio sobre teste de QI. Trata-se de uma ramificação da polêmica se o ainda secretário de Estado teria chamado Trump de idiota (moron). Há um subdebate se Tillerson disse meramente moron ou fucking moron. A Casa Branca e Trump reagiram como de hábito, dizendo que tudo isso não passa de fake news, a marca registrada de uma imprensa desacreditada.

Esta semana, surgiram mais detalhes na dita imprensa desacreditada sobre o contexto que teria levado Tillerson a chamar Trump de idiota. A rede de televisão NBC reportou que em uma reunião com os encarregados de segurança nacional em julho passado, Trump disse que queria um aumento de dez vezes no arsenal nuclear americano.

O pessoal na sala ficou chocado com o desejo presidencial e com sua falta de entendimento sobre as grandes crises de segurança nacional, como Coreia do Norte, Afeganistão e Iraque.

As autoridades na reunião explicaram para a Excelência Presidencial que tratados internacional e realidades orçamentárias impedem que os EUA aumentem em dez vezes o arsenal nuclear. Ademais, a única superpotência tem uma postura militar mais robusta hoje do que no pico da escalada nuclear na época da Guerra Fria.

As fontes da NBC são três pessoas que estavam na sala, obviamente não identificadas. E Trump obviamente não apenas nega a versão, mas foi longe demais no seu bullying de caudilho. Fez ameaças veladas de remover a licença da rede NBC, algo que aliás ele nem pode fazer.

Foi após esta reunião ilustrativa (foram mostrados slides ao presidente) que Rex Tillerson teria comentado que Trump é um “moron” ou “fucking moron”. Grandes livros serão publicados sobre esta era bizarra dos EUA sob o idiota Donald Trump. O título óbvio da obra já pertence a Dostoiévski.

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