Trump é um Chacrinha

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 05/10/2017 11h28 - Atualizado em 05/10/2017 11h48
EFE Trump é incompetente, caótico e desqualificado para manter o decoro do cargo

Jornalista não pode viver apenas de disseminar más notícias. Então, vamos ao noticiário positivo, pelo menos nos EUA, em uma semana de fatos horrorosos como o massacre em Las Vegas.

Uma pesquisa Reuters-Ipsos esta semana mostra que a confiança pública  na imprensa está aumentando enquanto declina a no governo Trump. Pelos dados da pesquisa, 48% das pessoas expressam confiança, um aumento de 11 pontos em relação a novembro quando Donald Trump foi eleito.

O presidente, que é um arauto da campanha incessante para avacalhar a imprensa com o rótulo de fake news, vai na direção inversa. A confiança pública em Trump caiu de 52% para 48% desde janeiro, mês de sua posse.

As hostes trumpianas podem bradar que as notícias até que são boas, pois o presidente é bombardeado sem tréguas pela imprensa. E isto é um fato, não são fake news. Um estudo do centro de pesquisas Pew revela  que a cobertura sobre Trump é bem mais negativa em relação a seus predecessores no cargo.

O estudo enfocou os primeiros 60 dias de Trump, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton. Para dar uma medida, somente 5% das histórias sobre Trump foram positivas, em comparação a 42% para Obama.

Existe parcialidade? Claro que existe, mas no duplo sentido. Não é fácil para a imprensa manter a objetividade diante de um presidente que se comporta de forma venal, tratando a imprensa como inimigo público número 1, capaz de promover um linchamento virtual de jornalistas quando faz comício diante de uma turba de simpatizantes.

No entanto, a imprensa também é parcial aos fatos. Trump é incompetente, caótico e desqualificado para manter o decoro do cargo. Ele realça os piores demônios da alma humana, além de reduzir a realidade a um referendo sobre a sua figura, o seu ego.

Trump sobe e desce um pouco no seu patamar. Seu índice de aprovação teima em ficar na faixa entre 35% e 40%. As oportunidades para um comportamento redentor, como uma tragédia nacional, são rapidamente desperdiçadas por um gesto pequeno, como arremessar rolos de toalhas de papel para desabrigados pelo furacão Maria em Porto Rico. Como a imprensa deve atuar diante do espetáculo tropicália do Agente Laranja?

Trump é um Chacrinha. Ele comunica bastante e adivinhe quem se estrumbica?

PS- Na sua visita a Las Vegas na quarta-feira, Trump até que se comportou. Para os seus padrões, foi extremamente presidenciável e não arremessou nenhuma barbaridade.

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