Presidente do Senado declara que empobreceu R$ 10 milhões em 4 anos

  • Por Thiago Navarro/Jovem Pan
  • 13/08/2018 13h13 - Atualizado em 13/08/2018 13h24
Antonio Cruz/ABr Boa parte dos bens de Eunício está em imóveis rurais, declarados apenas como "terras nuas" até o momento

O presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), candidato à reeleição pelo Ceará, declarou à Justiça eleitoral que perdeu quase R$ 10 milhões em patrimônio desde o último pleito, em 2014. Há quatro anos, Eunício disse que tinha R$ 99 milhões em bens. Agora, o senador do MDB afirma possuir R$ 89,2 milhões, uma diferença de R$ 9,78 milhões.

Boa parte dos bens de Eunício está em fazendas e imóveis rurais. Até 2014, o político registrou o nome e o município de cada propriedade. Até agora, na declaração de 2018, Eunício registrou as propriedades apenas como “terra nua”. A reportagem entrou em contato com a assessoria do senador e aguarda esclarecimentos.

São 103 “terras nuas” contabilizadas no patrimônio do senador atualmente. Ele ainda declara possuir um apartamento de R$ 4,1 milhões, uma construção de R$ 5,7 milhões, cinco veículos que somam R$ 1,1 milhão, além de R$ 22,3 milhões em ações, R$ 1,4 milhão em aplicações de rendas fixas, R$ 2,5 milhões em contas correntes, entre outros valores.

Evolução anterior

Se houve uma pequena queda de patrimônio durante a crise atual, os quatro primeiros anos de mandato de senador, entre 2010 e 2014, foram de grande prosperidade para Eunício. O político passou de R$ 36,7 milhões para os R$ 99 milhões declarados nas eleições de 2014.

À época, Eunício disse em entrevista à Folha de S. Paulo que a elevação do patrimônio ocorreu devido à venda de duas empresas em 2011. “Eu já estava afastado da direção delas desde 1998, quando entrei na política. Resolvi vender e aplicar em imóveis, um tipo de renda que não dá preocupação”, afirmou.

Uma das empresas vendidas, a Remmo Participações, é controladora das empresas de segurança e serviços CORPVS e Confederal.

O jornal O Globo mostrou que a Confederal recebeu R$ 164 milhões por contratos firmados em órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, da Fazenda e dos Transportes entre 2010 e 2014. Apenas em 2014, ano eleitoral, o valor recebido pela empresa alcançou R$ 55 milhões, de órgãos subordinados ao Ministério da Saúde, da Fazenda e dos Transportes.

Veja a evolução do patrimônio de Eunício:

Evolução do patrimônio de Eunício Oliveira nas últimas eleições (Jovem Pan)

Veja as declarações completas do candidato:

2006: R$ 25,6 milhões

2010: R$ 36,7 milhões

2014: R$ 99,0 milhões

2018: R$ 89,2 milhões

Investigação de empresa

No ano passado, a Confederal, uma das empresas ligadas a Eunício, devia R$ 8,5 milhões à União. Administrada pelo sobrinho de Eunício, Ricardo Lopes Augusto, a Confederal foi um dos alvos da Operação Satélites, deflagrada em março de 2017 passada pela Polícia Federal como primeiro desdobramento da Lava Jato com base nas delações da Odebrecht.

Ricardo Lopes Augusto foi citado na delação do ex-diretor da empreiteira Cláudio Melo Filho. Melo disse à Procuradoria-Geral da República ter pago Eunício duas parcelas de R$ 1 milhão cada, entre 2013 e 2014. O valor seria contrapartida à aprovação de uma medida provisória. Segundo o colaborador, o peemedebista enviou o sobrinho como “preposto”.

O senador também foi citado na delação do ex-diretor da Hypermarcas Nelson Mello. Ele disse ter pago, por meio de contratos fictícios, R$ 5 milhões em caixa 2 à campanha de Eunício ao governo do Ceará, em 2014. O advogado do emedebista, Aristides Junqueira, divulgou nota à época em que disse que o senador “autorizou que fossem solicitadas doações, na forma da lei”, à campanha de 2014.

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