Após “não” de Josué: prós e contras de possíveis candidatos a vice de Alckmin

  • Por Matheus Collaço/Jovem Pan
  • 26/07/2018 07h42 - Atualizado em 26/07/2018 07h42
Montagem Com a indefinição do vice, surgem diversos nomes para compor a chapa do tucano à Presidência da República

Indefinição. Assim pode ser explicada a atual situação do PSDB em relação ao nome do vice que irá compor a chapa do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin na disputa pela Presidência da República. O empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar, que foi apontado como candidato mais provável para assumir a vaga, informou o tucano na última terça-feira (24) que não pretende aceitar o convite, reabrindo assim a disputa no “Centrão” pela posição.

Em uma coligação que conta a cada dia com mais partidos, a lista de possíveis alternativas para o cargo é extensa e tem nomes de peso dentro da política brasileira. Porém, quais são os prós e contras dos principais postulantes a vice de Geraldo Alckmin?

Deputado Mendonça Filho (DEM-PE)

Para Valdir Pucci, cientista político e professor da UnB, a possibilidade do Democratas compor a chapa do PSDB é muito grande, principalmente com Mendonça Filho, porque Alckmin dificilmente conseguiria alguém que estivesse longe de seu espectro político. Além disso, ele ressaltou que o DEM é um tradicional apoiador dos tucanos.

“É um nome bastante forte. Não diria nem tanto pelo próprio Mendonça, mas pelo partido e seus interesses. Com a desistência de Rodrigo Maia na corrida presidencial, o DEM quer estar presente no Governo de alguma forma”, aponta.

Senadora Ana Amélia (PP-RS)

Apesar de ser um nome de grande prestígio, e do alto poder de agregação de votos na região sul do Brasil, dificilmente a senadora abriria mão da tentativa de se reeleger, posto no qual é favoritíssima, como aponta Fernando Schuler, professor do Insper. Segundo ele, a influência de Ana Amélia seria benéfica em um local em que o PSDB vem perdendo votos para a candidatura do senador Álvaro Dias, mas não agregaria muito no ponto de vista do espectro ideológico.

“Seria uma chapa que poderia fazer frente ao PT no sul do País, uma vez que o partido é bem forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Porém, acho muito difícil essa composição. Ela gosta da posição de senadora e a candidatura do Alckmin ainda é uma incógnita. Seria trocar o certo pelo incerto”, afirma Schuler.

“Além da vantagem de ser mulher, ela passa uma imagem de seriedade, de uma pessoa preocupada com a ‘coisa pública’. Ela traria um algo a mais a uma campanha muito repetitiva, que não apresenta coisas novas. Seria um sopro de novidade para o Alckmin”, pondera Pucci.

Senador Álvaro Dias (Podemos)

Visto como o “nome dos sonhos de Alckmin” por Schuler, o pré-candidato à Presidência pelo Podemos agregaria mais um partido à composição, consolidando a chapa no sul do País – onde hoje rouba votos do tucano – e aumentaria ainda mais o tempo de televisão do PSDB.

“A vantagem seria dupla: tiraria um concorrente forte da briga e somaria votos. É um nome muito respeitado, de perfil ético, com uma identificação muito forte com a Lava Jato. Seria uma conquista muito forte e estratégica para o PSDB. O problema é convencê-lo a abrir mão desse projeto pessoal”, afirma o professor.

A análise é corroborada por Valdir: “Acho que é um dos nomes menos prováveis devido a perspectiva pessoal do próprio Álvaro. Ele acredita que pode representar esse novo dentro das eleições, que tem chance de crescer durante a campanha eleitoral. Não é impossível, mas teria que haver muita negociação”.

Empresário Flávio Rocha (ex-pré-candidato do PRB)

Nome que não acrescentaria muito a chapa. A análise é confirmada tanto por Valdir quanto por Fernando. Ambos concordam que o empresário tem aceitação dentro do mercado, mas é um nome pouco conhecido nacionalmente e nem mesmo o fato de ser do Nordeste seria relevante para a candidatura.

“Ele teria certo simbolismo por se tratar de um ‘outsider’, um empresário de sucesso que tem posições políticas muito claras. Porém, esse perfil o Alckmin já tem. Então, não agregaria do ponto de vista programático, nem do ponto de vista eleitoral”, diz Schuter.

Ex-deputado Aldo Rebelo (Solidariedade)

Ministro no Governo Dilma, Rebelo tem posições muito destoantes da média do “Centrão”. Com isso, dificilmente seu nome seria apontado para representar a maioria do bloco na chapa. Schuler acrescenta ainda que o “passado esquerdista” do ex-deputado também não seria fator preponderante para aumentar o apelo de Alckmin, uma vez que os partidos da esquerda já têm seus próprios candidatos.

Já Pucci vê o nome como uma possibilidade para que o PSDB conquiste votos no Nordeste. Para ele, o fato de ter um posicionamento político diferente de Alckmin não seria um problema durante a campanha, mas poderia trazer conflitos em um futuro governo.

Rodrigo Maia (Presidente Câmara – DEM)

“É um nome de peso. Maia, nos últimos dois ou três anos, assumiu um protagonismo ímpar na política brasileira. É um nome que tem apoio no Congresso, tem apoio do Centrão, ganhou visibilidade nacional, é um nome jovem e que agrega conceito à chapa”, afirma Schuler.

Por outro lado, a composição enfrentaria dois grandes problemas: a provável continuidade de Maia como presidente da Câmara, uma vez que tem uma eleição relativamente fácil no Rio de Janeiro e o cargo é mais certo do que uma candidatura incerta a vice-presidência da República, e o baixo apelo do deputado junto aos eleitores.

“Ele nunca foi bom de voto. Se elegeu com pouco mais de 50 mil votos e é um nome frágil em termos de densidade eleitoral. Seria um vice sem votos. Então, é muito mais racional que o DEM negocie apoio à candidatura do Alckmin em troca do apoio do PSDB a sucessão da Câmara dos Deputados”, finaliza.

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