Fernando Holiday: Ciro é como um ‘senhor de engenho tentando colocar o negro no lugar de escravo’

  • Por Jovem Pan
  • 13/09/2018 14h22 - Atualizado em 13/09/2018 14h22
Johnny Drum/Jovem Pan Coordenador do MBL esteve no Pânico nesta quinta-feira (12)

Ciro Gomes (PDT) foi convidado para participar do Pânico nesta quinta-feira (13) como parte da série de sabatinas feita pelo programa com os presidenciáveis das eleições de 2018, mas não compareceu. Em seu lugar, estiveram na bancada Fernando Holiday, coordenador nacional do MBL e vereador na cidade de São Paulo pelo DEM, e Carmelo Neto, coordenador do MBL no Ceará. Ambos aproveitaram o gancho para contar as experiências que tiveram com o candidato – nenhuma delas muito boas.

Holiday lembrou, por exemplo, quando o pedetista esteve no Jornal da Manhã da rádio Jovem Pan no último mês de junho e o chamou de “capitãozinho do mato”. “A pior coisa é um negro usado pelo preconceito para estigmatizar”, disparou na ocasião. Pouco tempo depois, o vereador abriu um processo na Justiça.

“Estou processando em duas esferas, criminal e civil. Ele disseque eu era um ‘capitãozinho do mato’ por alguns posicionamentos que eu defendo. Na verdade ele quis falar sobre o capitão do mato, figura histórica, um escravo utilizado para perseguir outros escravos. Trazendo para a sociedade moderna, ele quer dizer que eu seria um negro que persegue outros negros ou que vai contra o seu próprio grupo”, explicou.

“Isso de alguém que vem de famílias tradicionais do nordeste que inclusive tem raízes ali de famílias escravocratas que vieram da Europa ao Brasil e que há muito tempo se perpetuam na política e se utilizaram da escravidão de forma hipócrita. Além disso ele tenta dizer que os negros têm que ter um ideal concreto e restrito, como se pertencessem a uma senzala ideológica, não pudessem pensar por si e divergir. Ou seja, uma espécie de racismo que ele tenta velar, mas não deixa de ser racismo. E depois, quando o Ministério Público abriu uma investigação, ele chamou a promotora de um nome não muito bonito. Filha da p***”.

Holiday contou ainda que Ciro chegou a ser chamado por um juiz para uma audiência de conciliação, mas não se apresentou. “Ele não arca com as consequências. Não sei se é uma tentativa de parecer honesto e ser aquele que ‘fala na lata’. Mas só no estado do Ceará ele já tem mais de 50 processos por danos morais. Cerca de 40 por injúrias raciais na Bahia. Somando tudo dá cerca de 100 processos de coisas que vai falando a torto e a direito e depois não arca com as consequências. Tudo sempre no sentido de ser superior tentando colocando o outro ‘em seu lugar’. Como um senhor de engenho tentando colocar eu, o negro, no lugar de escravo. Um homem machão tentando colocar sua esposa no lugar de mulher. Cara que tenta fala de homossexual como se fosse ofensa”.

Carmelo também relatou uma experiência ruim que teve com o candidato. Aconteceu em 2016 na época em que o governo da então presidente Dilma Rousseff tentou colocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil. Após o anúncio, o MBL fez algumas manifestações ao redor do país, incluindo uma na capital do Ceará.

“O Ciro na verdade tem uma política de arrogância, de agredir as pessoas. Fui vítima disso. Na época em que o Lula ia virar ministro, fomos às ruas em Fortaleza e caminhamos em direção ao Palácio da Abolição. Ciro e Cid [seu irmão] moram ali nas proximidades. Quando estávamos caminhando, Cid desceu do carro e foi para sua casa. Estava um clima polêmico, as pessoas vaiaram. Ele entrou no apartamento rapidamente. Aí o Ciro desceu e nos xingou, mandou ir trabalhar, sair da rua. São posturas que não dignas de um candidato. É assim a coragem dele. Nesse dia ele estava muito corajoso, mas tinha três capangas atrás. Chamam ele de sincero, acho mau educado mesmo”, pontuou.

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