Manuela D’Ávila é a grande estrela de ato pró-Lula em Curitiba: “eu bebi daquela água”

  • Por Thiago Navarro/Jovem Pan
  • 09/04/2018 13h42 - Atualizado em 09/04/2018 14h34
ERNANI OGATA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO "Vamos encerrar escutando a nossa grande Manuela D'Ávila", disse Lindbergh ao apresentar a pré-candidata do PCdoB

Se o PT teme pelo espólio político de Luiz Inácio Lula da Silva, a pré-candidata do PCdoB ao Planalto, Manuela D’Ávila, foi a grande estrela de ato organizado nos arredores da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso o ex-presidente, e militância mantém acampamento, nesta segunda-feira (9).

Enquanto outros líderes que participavam do ato, como o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, e o deputado Patrus Ananias fizeram pequenas intervenções pedindo a soltura do ex-presidente, Manuela discursou por 20 minutos.

A pecedobista, que anunciou a suspensão de suas atividades como pré-candidata, citou o boato de que Lula teria bebido cachaça no palco em que fez o último discurso antes de entregar à PF no sábado (7). E assumiu que bebeu da mesma água do petista.

“Eu bebi daquela água. Era água”, disse. “O problema deles (adversários) não é que era bebida alcoólica. É porque era cachaça. Se fosse espumante nas sacadas, pedindo o golpe, aí era… Se eu tivesse na iminência de ser presa de forma injusta, talvez eu tivesse tomando uma cachaça”, brincou.

Logo no começo da fala, a presidenciável se colocou no lugar no ex-presidente e, diferente dos outros oradores, não se dirigiu a Lula, que está preso a dezenas de metros do local. “Eu sei que o presidente Lula está ouvindo o nosso zum-zum, mas eu quero falar com vocês que estão aqui, porque é isso que ele faria se estivesse aqui”, disse.

Com um discurso de humanização da figura de Lula, Manuela tentou se aproximar do líder petista. “Na hora em que ele estava indo ser preso, teve um momento em que ele mandou perguntar se eu já tinha comido. Esse é ele”, disse. “(Lula) me abraçou e perguntou: ‘e sua filha, e a menina?'”

“Ele é o cara que em cada parte da pele vibra o nosso povo”, discursou também Manuela, em tom muito parecido ao adotado por Lula, quando disse “não sou mais humano, sou uma ideia”, no sábado.

“Lula está preso por causa nossa, porque ele luta pela gente, pelo povo”, afirmou ainda a comunista. “Nossa turma é a que tem coração”, disse a pré-candidata.

Mesmo pedindo a libertação do ex-presidente, Manuela foi a única a discursar que admitiu admitiu uma vida política “aqui fora” (da prisão) que tem que continuar.

“Quando a gente grita que queremos Lula livre, na verdade, companheiros e companheiras, a gente grita que quer o Brasil livre”, disse Manuela D’Ávila, elogiando o legado do ex-presidente.

“Mesmo que agora seja difícil manter a energia na mesma vibração, na mesma luta, sem ele aqui fora, é nossa obrigação”, disse, afirmando que “Lula ria” nas imagens que eram tiradas dele antes da prisão.

“É difícil chegar aqui e rir”, disse. “Ele não está aqui fora nos confortando, fazendo com que a gente saia em todas as fotos rindo diante de qualquer adversidade, como só um pernambucano que saiu do meio do nada, passando fome e sede e fez o Brasil ter dignidade, soberania”, elogiou.

Apenas nos segundos finais de seu discurso, Manuela se dirigiu a Lula. “A gente só sossega quando o senhor vier para o lado de fora”, disse. “Os seus algozes serão esquecidos”, afirmou, fazendo críticas ao juiz Sérgio Moro, a quem chamou de “vaidoso” e “pequeno”.

Manuela afirmou ainda que quis chorar quando soube do decreto de prisão de Lula expedido por Moro na última quinta-feira (5). Ela disse que sentiu uma “sensação de uma violência tão profunda, que nos faz ter vontade de chorar, quase nos imobiliza”. “Mas levantei, deixei o meu marido comemorando o aniversário, e fui para São Bernardo”, narrou.

“Era ele (Lula) que nos confortava dentro do sindicato de São Bernardo”, disse a pré-candidata, afirmando que viu no rosto do petista uma “serenidade indignada”. Neste momento do discurso, a câmera que filma o discurso para as redes sociais dá um zoom no rosto de Manuela.

Lindbergh, que foi o “mestre de cerimônia” apresentando os discursantes, introduziu Manuela dizendo: “vamos encerrar escutando a nossa grande Manuela D’Ávila”. A cada intervenção do senador, Manuela era citada e elogiada. “Manu é incansável”, disse. “Manu, você é o máximo”, concluiu, ao final do discurso.

Em atos pró-Lula, Manuela informou que vai para Montevidéu, capital do Uruguai, na quarta-feira (11) e para Buenos Aires, na Argentina, na quinta (12). Ela apontou ainda que o pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, que também fez palanque com Lula no sábado, vai para Lisboa, em Portugal. “Dilma foi para a Espanha”, incluiu Lindbergh.

Mesmo a transmissão sendo feita ao vivo pelo Facebook de Lula, a fala de Manuela foi cortada em dois pontos: no momento em que ela falava que “durante a crise nós nunca escolhemos o lado deles” e quando afirmou que “eles querem continuar ganhando os milhões e milhões de reais que ganham, os bancos, setores importantíssimos da comunicação, os juízes e promotores…”

Veja o evento completo:

Publicado por Lula em Segunda, 9 de abril de 2018

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