Procuradoria investiga vídeo em que Garotinho fala em “comprar deputado”

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2018 13h23
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, quando foi preso em novembro do ano passado. Ele já está solto após decisão de Gilmar Mendes.

A Procuradoria Regional Eleitoral no Rio de Janeiro (PRE-RJ) investiga se o ex-governador Anthony Garotinho descumpriu a lei eleitoral ao dizer falar sobre a possibilidade de ser eleito e cogitar a “compra” de deputados estaduais.

Em entrevista a uma rádio de Campos dos Goytacazes, no Rio, Garotinho declarou, em vídeo que circula nas redes sociais desde o último domingo, a disposição de comprar deputados estaduais se for eleito sem formar maioria na Assembleia Legislativa (Alerj).

A PRE informa que está investigando se Garotinho praticou propaganda antecipada, pelas referências às eleições de 2018, e se cometeu outros ilícitos eleitorais, em razão do anúncio de estar disposto a comprar parlamentares.

“Ou eu sou candidato a governador, ou não sou candidato a nada. Pois eu vou fazer um apelo à população. Você quer que eu dirija o Estado, que eu ponha os salários dos funcionários em dia, que eu melhore a segurança pública?”, questiona Garotinho no vídeo.

“Então façam o seguinte: não vote só em mim, vote num deputado que está do meu lado. Porque olha só: o cara vai votar em mim e vai votar num deputado estadual contrário, sabe o que vai acontecer? Depois eu vou ter que gastar dinheiro para comprar esse deputado. Como que vai fazer? Porque eu vou mandar uma lei, o cara não é do meu partido, e ele vai dizer assim: ‘Ah, não, eu para votar isso aí eu quero tanto’. Porque é isso que acontece hoje no Estado. Da onde nasceu o mensalão? Nasceu disso”, analisou o ex-governador fluminense.

Veja o vídeo:

De acordo com o procurador regional eleitoral Sidney Madruga, responsável pela investigação, há evidências de que o ex-governador fez divulgação da candidatura antes do período para as convenções partidárias escolherem as coligações e os candidatos (20 de julho a 5 de agosto deste ano). O vídeo e outros materiais relacionados a ele estão incluídos nesse procedimento da PRE.

“A abertura do procedimento é o primeiro passo para a investigação da Procuradoria Regional Eleitoral, que poderá ou não desencadear uma ação judicial eleitoral. Somente após análise detalhada que serão tomadas providências extrajudiciais e na Justiça Eleitoral”, afirmou o procurador, que avalia que o anúncio sobre a Alerj pode caracterizar outros ilícitos além da propaganda antecipada.

Outras acusações

Em dezembro de 2017, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, suspendeu a prisão preventiva do ex-governador Anthony Garotinho (PR), apontado como líder de uma organização criminosa.

Garotinho foi preso em novembro sob acusação de crimes como corrupção, participação em organização criminosa e falsidade na prestação de contas eleitorais entre os anos 2009 e 2016. A prisão foi pedida pelo Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro (MPE-RJ), decretada pelo juiz da 100ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, Glaucenir Silva de Oliveira, e mantida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-RJ).

A denúncia do MPE afirma que o grupo J&F fez doação ilegal de R$ 3 milhões por meio de contrato com uma empresa indicada por Garotinho para financiar sua campanha ao governo do Estado em 2014, derrotada pela de Luiz Fernando Pezão (MDB).

Com informações da assessoria do MPF2

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