Entrelivros: escritores dizem que ditadura atrapalhou futebol

  • Por Agencia Brasil
  • 13/04/2014 22h43

Bienal – Autores discutem uso do futebol pelo poder (Renata Martins – Portal EBC)

Jogadores perseguidos, treinadores demitidos e a tentativa de usar o esporte, que é considerado a paixão nacional dos brasileiros, como propaganda, acabou não sendo uma investida de sucesso do regime militar. Durante o período da Ditadura, a seleção brasileira só conquistou uma Copa do Mundo, a de 1970. Um novo título só viria em 1994, quando o Brasil foi tetracampeão.

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Futebol é usado como propaganda também em democracias

O programa Entrelivros, da TV Brasil, recebeu no domingo (dia 13), Mário Magalhães, autor da biografia “Mariguella”; Rodrigo Merheb, que escreveu “O Som da Revolução” e Lúcio Castro, diretor da série de reportagens “Memórias do chumbo – o futebol nos tempos do Condor”.  Direto do estúdio da EBC montado na II Bienal Brasil do Livro e da Literatura, o programa debateu futebol e ditadura.

Mário Magalhães lembrou da demissão do treinador da seleção João Saldanha, após questionar a tentativa de intervenção do General na escalação do time. “Ele [João Saldanha] era amigo do Marighella”, disse o biógrafo.

Para o jornalista Lúcio Castro, apesar da Copa de 1970 aparecer como o grande momento da interferência dos generais no futebol. Foi, na disputa do mundial anterior, em 1966, que a ditadura agiu de forma planejada para usar a seleção como peça de propaganda do regime. Naquele ano, o Brasil perdeu o mundial.

Outro episódio lembrado pelos convidados foi a não escalação de Zico, que apesar de ter sido destaque na seleção pré-olímpica, foi cortado da Olimpíadas de 1972, Munique. Na época, Nando, irmão do Galinho, teria sido considerado subversivo pelo regime militar por fazer parte Nando fez parte do Plano Nacional de Alfabetização, de Paulo Freire. Nando foi o primeiro jogador de futebol anistiado do país, após ter tido sua carreira interrompida pela repressão.

Ao mesmo tempo que a ditadura tentavam usar o futebol como massa de manobra, nos estádios também sugiram gritos de resistência. “A primeira faixa pedindo anistia foi estendida no Morumbi, em 1979, em jogo um entre Santos e Corinthians”, ressaltou Rodrigo Merheb.

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