Alucinações, tremedeira, crises: Leo Dias conta como foi o tratamento com ibogaína

  • Por Eduardo F. Filho/Jovem Pan
  • 11/10/2018 07h00
Reprodução/Instagram ""Eu não tive vontade desde que saí da clínica", garantiu o jornalista

De 17 a 24 de setembro, o apresentador e jornalista Leo Dias teve a chance de dar o pontapé inicial para “resetar” a sua vida. Ele se internou em uma clínica no interior de São Paulo que tem como método o uso de um tratamento alternativo chamado de ibogaína a fim de tratar seu vício contra a cocaína. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Leo contou sobre a semana de internação, as crises e o começo da nova etapa de vida.

Assim que passou pelas portas da clínica, ele tomou um susto: a entrada era aberta para todos que queriam entrar ou sair, o local tinha wi-fi e o celular era liberado. Não era nada parecido com a clínica tradicional anterior em que havia tentado se internar. “A internação clássica eu não queria mais, porque ela não adianta. Aquilo ali é um caça-níquel. Eles fazem revista na gente como se fossemos presidiários. Eu me senti um presidiário”, explica.

Leo conta que chegou muito cansado e disse às enfermeiras que precisava dormir. O pedido foi logo atendido com sucesso e durante os três primeiros dias – de segunda (17) a quarta feira (19) – o jornalista só dormiu. Às vezes acordava, mas não “conseguia raciocinar” e voltava a dormir.

No segundo dia, a dose de ibogaína é mais forte: são 12 horas de efeito pelo corpo podendo causar alucinações e tremedeiras. Leo afirma que não teve alucinações e que as únicas coisas que viu foram “raios saindo da luz”. “Como se a lente de contato estivesse suja e você visse alguns rabiscos na luz”, compara. Já a tremedeira no corpo durou 12 horas. “Eu dormia e acordava com a tremedeira, ela não passava”.

Ele afirma também que não teve receio, pois no dia anterior havia feito um exame que constatou que tanto a mente quanto o corpo dele eram muito fortes. “Não corria o risco de sair de lá ‘zuretado’, então fiquei tranquilo. O meu maior medo era de que aquilo pudesse mexer com a minha mente de alguma forma”.

A ibogaína é uma droga que trata usuários de crack e cocaína. Ela costuma ser cara (ele gastou cerca de R$ 8,5 mil na dose) e tem como função antagonizar e anular a ação de compostos orgânicos e alcaloides. Em outras palavras é como se o corpo do dependente nunca tivesse tido contato com droga na vida.

A última vez que usou e as crises

Leo conta que a última vez que usou droga foi na véspera da internação enquanto limpava a casa. “Eu não tive vontade desde que saí da clínica. Achei que voltar para casa fosse ser difícil. Eu nunca usei fora de casa, nunca precisei subir o morro para buscar. Aqui no Rio de Janeiro é tudo delivery, eu pedia pelo celular e eles entregavam na porta da minha casa”.

“Eu sempre questionei muito a Deus. Durante minhas crises, eu perguntava à Ele ‘porque eu?’ Minha família sempre foi muito correta, meu pai foi subsecretário de segurança do Rio, minha mãe é dona de casa e nunca viu droga na vida, minha irmã é uma retidão, meu cunhado é policial. Porque eu? Eu tentava me livrar e não conseguia. O que me levava às crises eram os processos, os xingamentos das pessoas, alguém que falava mal de mim para as mídias de comunicação, eu sempre recaía por conta disso”, desabafa.

Recaída? Só por chocolate

Agora quer apenas pensar daqui para frente e não olhar para trás. “Eu estou me vendo diferente, as pessoas falam que eu sou um novo Leo, bem mais calmo. Se eu sou ou não, eu não sei, mas não tenho coragem de assistir meus vídeos antigos. Me incomoda. Não quero mais ver nenhum deles”.

Esse novo Leo se encontra à base de uma dieta rígida. Ele não pode tomar refrigerante, energéticos, suco de abacaxi, bebida alcoólica e também não pode fumar. As duas últimas, no caso, não são motivo de preocupação, já que ele diz não fazer uso. O maior pesadelo é a falta de chocolate. “Uma vez ou outra eu já comi”, admite.

E já está combinado com os enfermeiros da clínica: na primeira vez que sentir vontade de usar droga, ele vai se internar novamente. “Nem que eu fique dois dias. Eu vou, tomo a dose e vou embora. Se eu tiver alguma bengala ou muleta na minha vida, vai ser a ibogaína. Eu tive a decência de tratar o meu problema de saúde, tratar meu vicio e falar abertamente dele com a mesma decência que eu falo da vida dos outros. Eu tratei da minha vida como eu trato da vida dos outros”, finaliza.

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