Pepeu Gomes comemora 50 anos de estrada

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/09/2016 08h50
Reprodução/Instagram Pepeu Gomesr

Quando o mundo tinha como rei João Gilberto e o cetro era um violão, Pepeu Gomes era um extraterrestre. Os “alienados” da guitarra elétrica eram poucos e malvistos, e só sobrariam aqueles que segurassem o osso com força. Pepeu, Lanny Gordin, Toninho Horta, Hélio Delmiro, Bola Sete. O Brasil, um país que não era da guitarra, teve poucos e valentes homens que a ensinavam a falar português.

Ao chegar aos 50 anos de carreira, Pepeu lembra da própria história, tocando músicas escolhidas por ele e por fãs que o ajudaram a estrear o show comemorativo no palco do Circo Voador, do Rio de Janeiro, em maio.

Aos que querem só o instrumentista, Pepeu avisa que ele não estará presente. Os temas instrumentais que aparecem em seu bem recebido álbum “Alto da Silveira”, o primeiro de inéditas em 20 anos, não farão parte do repertório. “Antes de qualquer coisa, eu sou um instrumentista. Mas o que celebro nesse show é o meu lado compositor, cantor e arranjador.” O repertório traz músicas que ele não mostrava em shows há 20 anos, como “Do Amor e O Mal Que Sai da Boca do Homem”. Outras de maior abrangência pop serão Masculino e Feminino, “Sexy Yemanjá”, “Eu Também Quero Beijar”, “Mil e Uma Noites” e “Raio Laser”.

A temporada flashback recai sobre Pepeu desde maio, quando o grupo que ajudou a erguer nos anos 1970, os Novos Baianos, se reencontrou pela primeira vez em mais de 15 anos para um show na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. O show mostrou potencial de fogo e animou seus integrantes a colocá-lo na estrada. Assim fizeram, então, com sua formação original. Pepeu, Baby do Brasil, Galvão, Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira no pelotão de frente, amparados pelo baterista Jorginho Gomes (irmão de Pepeu), o baixista Dadi e o guitarrista Didi Gomes (outro irmão de Pepeu, homenageado com a música Um Bilhete Pra Didi).

“Estamos mesmo em plena atividade. Depois do show em Salvador, tivemos muitos pedidos de fãs do Brasil e do exterior, uma loucura. A (empresa de entretenimento) Time For Fun comprou a ideia desse resgate e colocamos o show na estrada”, conta Pepeu

Novos shows pelo País já estão agendados para os meses de outubro e novembro. E, diz o músico, novos projetos estão sendo pensados como desdobramentos da turnê. “A ideia é gravarmos um CD e um DVD ao vivo durante a temporada.” Ele diz que não está descartado um projeto para fazerem um trabalho com material inédito dos Novos Baianos.

Pepeu reconhece que foi difícil sua afirmação em um país que ainda tinha a memória afetiva ligada às cordas de nylon de João Gilberto e a todos os seus filhos que sustentaram a bandeira. “Um país que havia feito uma passeata contra a guitarra elétrica”, lembra ele do movimento liderado por Elis Regina em São Paulo, nos anos 196o. “Fiquei mais conhecido do que os outros guitarristas porque eu fazia rock brasileiro. Nunca tive vergonha disso.”

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.