Cannes recria estreia de “2001: Uma Odisseia no Espaço” 50 anos depois

  • Por EFE
  • 13/05/2018 19h11 - Atualizado em 13/05/2018 19h22
Reprodução Filme de Stanley Kubrick foi homenageado no festival por Christopher Nolan

Quando Christopher Nolan tinha 7 anos, ele viu pela primeira vez “2001 – Uma Odisseia no Espaço” e ficou extremamente comovido – razão pela qual decidiu trabalhar com o Festival de Cannes para projetar neste domingo (12) uma cópia em 70mm nas condições mais parecidas possíveis com as da sua estreia em 1968.

Nolan mostrou sua rendida devoção por um filme que lhe mudou a vida e o fez ver que no cinema tudo era possível, uma ideia que lhe acompanhou durante toda sua carreira. Por isso, se mostrou encantado com a ideia de recriar na 71ª edição de Cannes a projeção original do filme de Stanley Kubrick, uma obra-prima que, em sua opinião, deveria ser vista por cada nova geração, como disse durante uma masterclass.

Neste domingo (13), Nolan se mostrou exultante ao apresentar a projeção especial, que serve como homenagem de Cannes a obra-prima de Kubrick por ocasião do seu 50º aniversário em 2018.

“A primeira vez que vi o filme foi quando tinha sete anos, no ano seguinte de ‘Star Wars’, de George Lucas. O seu sucesso levou à reestreia de ‘2001’ e meu pai me levou para vê-la no maior cinema de Londres, em Leicester Square”, lembrou o cineasta. “Tive uma extraordinária experiência, me senti transportado da forma mais alucinante possível. É uma viagem da qual ainda não voltei”, explicou Nolan, que saiu daquela sala “completamente emocionado”.

Junto a Nolan estavam alguns membros da equipe que rodou o filme, assim como Katarina, filha de Stanley Kubrick. A projeção é uma cópia o mais fiel possível do original de 1968 e reproduz todo o processo analógico que se utilizava então.

O diretor artístico do festival, Thierry Frémaux, ressaltou que, por ocasião da projeção de hoje, se editou o programa original que se preparou para a estreia de abril de 1968 e a exibição foi preparada nas mesmas condições, incluindo um intervalo de 15 minutos.

Um filme com o qual Kubrick se desembaraçou de toda regra em termos narrativos, uma ideia que Nolan sempre teve em conta na hora de fazer o seu trabalho, como explicou ontem antes de contar como decidiu colocar-se no projeto de recuperar o filme da odisseia espacial.

No verão passado, após finalizar “Dunkirk”, Nolan foi a um laboratório para transferir sete dos seus filmes para 4K e para isso eram necessários projetores de 70 milímetros que permitissem comprovar que a imagem era a mesma em analógico e em digital.

Quando estava fazendo esse processo, um técnico lhe disse que tinham duas bobinas antigas do filme de Kubrick, sem o som, como o cineasta as tinha concebido em 1968. A experiência foi brutal para Nolan, que começou a pensar na possibilidade de produzir novas cópias em 70mm a partir dos originais.

“Cannes é o lugar perfeito para viver pela primeira vez esta experiência”, afirmou Nolan, que salientou que não é uma cópia restaurada, mas um negativo novo para poder proporcionar as mesmas condições de projeção de 50 anos atrás.

EFE

Christopher Nolan (dir.) ao lado de Katharina Kubrick e convidados para a sessão de “2001: Uma Odisseia no Espaço”

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