Especialistas rebatem fala de Mourão sobre relação de games violentos ao massacre de Suzano

  • Por Jovem Pan
  • 15/03/2019 13h14
Marivaldo Oliveira/Estadão Conteúdo Velório coletivo de vítimas do ataque em Suzano aconteceu nesta quinta (14)

Nesta sexta-feira (15) o Morning Show recebeu no estúdio três especialistas na área de games para rebater a fala do vice- presidente general Hamilton Mourão, que relacionou o massacre de Suzano a jogos violentos.

“Isso em si não é algo novo, sempre que acontece alguma coisa é levantada essa questão. A gente percebe que acaba sendo uma saída confortável direcionar para uma mídia que esteja em alta, que hoje é o videogame, mas antes já foi a televisão, as HQs”, afirmou o psicólogo Claudio Godoi, especialista em ansiedade e no tratamento de traumas.

“É uma tragédia tão horrível que as pessoas buscam uma resposta, mas não é tão simples, nunca é um fato”, continuou.

Godoi citou uma pesquisa realizada com mais de mil adolescentes pela Univerisade Oxford que comprovou não existir relação entre comportamento agressivo e jogos online com conteúdo violento. “Ao tentarmos lidarmos com essa angústia, acabamos caindo em uma falsa correlação”, explicou.

Para o jogador Alessandro Antoquio, conhecido na internet como “The Darkness”, é absurdo fazer essa relação direta entre games e violência.

“Os games, em sua grande maioria, colocam você do lado oposto da violência, que é justamente pra criar o sentimento contrário em que está jogando porque ele vai ter que combater aquilo. Na minha cabeça, [a relação] não faz o menor sentido”, disse.

Já Leo De Biase, sócio da holding de entretenimento BBL, falou sobre os impactos que a indústria sofre quando declarações como a do general Mourão são feitas.

“Quem sente é o mercado. (…) Ao acontecer isso, você afasta marcas ou instituições que estavam olhando pra esse mercado e pensando em como coexistir com isso e, então, pensam que é melhor não se envolver nisso agora pois é perigoso para os meus investimentos”, explicou De Biase.

“Como citado, não é a primeira vez que esse tipo de relação acontece, seja em casos como o de Suzano, seja em tentativas de censura [dos jogos]. Hoje, falamos em mais de 80 milhões de gamers brasileiros, então não são nem somente jovens, mas uma enorme fatia da população que são gamers”, disse.

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