Catar fez “quase nada” para evitar abuso trabalhista na Copa de 2022, diz ONG

  • Por Agência EFE
  • 01/12/2015 14h54
The Times/Reprodução Xeique do Catar garante uma das "melhoras Copas da história"

A organização Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira que a “exploração trabalhista incontrolada” segue ocorrendo no Catar, cinco anos depois de o país ter sido escolhido pela Fifa para sediar a Copa do Mundo de 2022.

As autoridades do Catar não realizaram reformas significativas para pôr fim de maneira efetiva à exploração trabalhista crônica nas obras para o Mundial, e a Fifa também não pressionou para que o problema fosse resolvido, segundo o comunicado divulgado pela AI.

“Quase nada foi feito para abordar os abusos incontrolados contra os trabalhadores imigrantes. A demora em realizar reformas trabalhistas no Catar conduz irremediavelmente ao desastre em matéria de direitos humanos”, disse Mustafa Qadri, pesquisador da AI sobre os direitos dos imigrantes no Golfo Pérsico.

Qadri afirmou que as propostas de reforma do governo do Catar não contemplam problemas essenciais que deixam tantos trabalhadores à mercê de seus empregadores. As mudanças, ainda incompletas, também estão demorando a serem aplicadas no país.

A AI disse que a Fifa também tem responsabilidade na situação, já que “sabia que havia problemas trabalhistas no Catar”. Por isso, a ONG pediu que a entidade máxima do futebol se esforce em “garantir que a Copa do Mundo não seja baseada na exploração”.

A organização realizou cinco visitas ao Catar nos últimos quatro anos para investigar as condições trabalhistas da população imigrante, que deve chegar a 2 milhões de pessoas até 2017.

Em um relatório divulgado em maio de 2015, a AI determinou nove questões fundamentais sobre os direitos dos trabalhadores imigrantes que não foram abordadas pelo governo do Catar.

Entre essas recomendações está o pagamento pontual dos salários, o compromisso de aumentar o número de fiscais trabalhistas até 400 antes do final de 2015 – medida adiada por um ano – e a reforma do restritivo sistema de patrocínio conhecido como “kalafa”.

“Os trabalhadores imigrantes continuam encontrando obstáculos para ter acesso à Justiça. Milhares deles conseguem a duras penas receber atendimento médico e outros serviços básicos, demoram a obter permissão de residência ou vivem e trabalham em condições intoleráveis”, disse o pesquisador da AI.

Por isso, a AI pediu à Fifa que pressione as autoridades do Catar para que promovam as reformas necessárias para proteger os direitos dos trabalhadores imigrantes e que faça um acompanhamento da implementação dessas medidas.

Nesse sentido, a organização pediu que a entidade máxima do futebol e seus parceiros comerciais estabeleçam sistemas de investigação para identificar e prevenir os abusos contra os direitos humanos relacionados com a realização do Mundial. 

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