Da dureza ao topo do Brasil: o Corinthians que se reergueu com Tite em 2015

  • Por Jovem Pan
  • 18/12/2015 15h48
Montagem sobre Folhapress e EFE Sob o comando de Tite

A temporada de 2015 tinha tudo para ser complicada para o Corinthians: com pouco caixa, o clube perdeu jogadores importantes e foi eliminado em casa em três competições. No entanto, sob o comando de Tite, que voltou depois de um ano e meio de descanso e aprendizado, o alvinegro voltou a ser o melhor time do Brasil e fechou o ano com o título do Campeonato Brasileiro.

Em mais uma retrospectiva de 2015 feita pelo Jovem Pan Online, veja o técnico e do Timão até a consagração.

Um começo promissor

A temporada 2015 começou promissora para os corintianos. Depois de um ano e meio, o técnico Tite, campeão Brasileiro, continental e mundial, estava de volta ao Parque São Jorge. Sua presença deu resultados logo no início. Depois de boa participação no amistoso Torneio da Flórida, com destaque para Paolo Guerrero, a equipe apresentou bom futebol no Campeonato Paulista e na Libertadores. Foram quatro triunfos nos quatro primeiros jogos do torneio sul-americano, incluindo um indiscutível contra o São Paulo na estreia, em 18 de fevereiro.

No Paulistão, a situação não era diferente: com vitórias em clássicos e invencibilidade na primeira fase, a equipe chegou às quartas de final praticando bom futebol. Mesmo assim, teve muitas dificuldades contra a Ponte Preta, e a classificação ficou marcada por erros da arbitragem contra a Macaca. Na Libertadores, um empate contra o San Lorenzo em casa e uma derrota para o São Paulo no Morumbi fecharam a fase de grupos, mas sem manchar a bela campanha alvinegra.

Eliminações e perda de craques

Tudo ia bem até as duas competições chegarem a seus momentos decisivos. Em 19 de abril, o Corinthians recebeu o Palmeiras em sua arena pela semifinal do Paulistão. Após um emocionante empate em 2 a 2 no tempo normal, Elias e Petros pararam em defesas de Fernando Prass na cobrança de pênaltis, o que resultou na eliminação da equipe. Mas o golpe principal ainda estava por vir.

A prioridade do Timão era a Libertadores, mas sua vida na competição não passou das oitavas de final. Diante do desconhecido Guaraní, do Paraguai, o time de Tite perdeu por 2 a 0 fora de casa, em 6 de maio. A desvantagem era difícil de reverter, e ficou ainda mais difícil depois que Fábio Santos e Jadson foram expulsos. A equipe paraguaia ainda marcou um gol para vencer a partida na capital paulista e sacramentar a classificação.

Se a situação dentro dos campos era complicada, fora deles não era melhor. Com pouco dinheiro, o Corinthians não conseguia pagar os salários de seus jogadores em dia, menos ainda tinha fundos para pagar o que Guerrero exigia para renovar seu contrato. Com isso, perdeu Fábio Santos, Emerson Sheik e o atacante peruano, estes dois últimos para o Flamengo. Sem sua principal estrela dos gramados, o alvinegro passou a se segurar naquela que ocupava o banco de reservas.

Apostando as fichas no Brasileirão

Sem algumas de suas peças principais, Tite passou a buscar o melhor com aquilo que tinha em mãos. A defesa, formada por Felipe e Gil, se mostrava sólida, e o meio de campo, com Renato Augusto, Elias e Jadson, tinha muita qualidade. No ataque, tentou passar confiança ao questionado Vagner Love e apostou no jovem Malcom. Com isso, foi à luta no Campeonato Brasileiro.

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O começo não foi fácil. Logo na quarta rodada veio uma derrota para o Palmeiras em casa. Na seguinte, em 3 de junho, o revés foi diante do Grêmio, em Porto Alegre. Só que a equipe entrou nos eixos a tempo de não deixar a má fase lhe abater e, aos poucos, foi se aproximando dos líderes do Campeonato. Aproximação que teve um grande momento na vitória sobre o Atlético-MG, em casa, na 14ª rodada.

A “pimenta” da arbitragem

No entanto, é difícil falar do Corinthians no Brasileirão de 2015 sem lembrar os erros de arbitragem. No dia 9 de agosto, jogando no Morumbi, o Timão empatava em 1 a 1 com o São Paulo até que, nos minutos finais, Uendel fez pênalti claro ao por a mão na bola. O árbitro não marcou, e Luís Fabiano, revoltado, afirmou que a penalidade teria sido assinalada “se fosse em Itaquera”.

Na rodada seguinte, o alvinegro venceu o Sport por 4 a 3 com a marcação de um pênalti bem mais duvidoso. Esses e outros erros ou inconsistências dos árbitros causaram revolta nos adversários, especialmente no Atlético-MG. O técnico Levir Culpi, que viu seu time ser ultrapassado quando o Corinthians venceu o Sport, afirmou que o campeonato estava “manchado”.

Ascensão

Apesar das críticas, reclamações e teorias conspiratórias rondando os erros da arbitragem, com o passar das rodadas este assunto passou a dar lugar a outro: o desempenho do Corinthians no Campeonato Brasileiro. O time, que já vinha forte, ganhou um “reforço” com as atuações do atacante Luciano, que decidiu diversas partidas, como em vitória sobre o Avaí na Ressacada. Mesmo uma contusão do jovem jogador, nas oitavas de final da Copa do Brasil, não diminuíram o ritmo da equipe, que passou a contar com um recuperado Vagner Love.

Mas não foi só Luciano que o Corinthians perdeu contra o Santos no torneio eliminatório. Na partida de ida, na Vila Belmiro, o Peixe venceu de maneira indiscutível, por 2 a 0. Na volta, nova vitória, agora por 2 a 1. Assim, o Timão era eliminado pela terceira vez em 2015, a terceira também jogando em seu estádio. Apesar do episódio negativo, o foco do clube era no Campeonato Brasileiro, onde a situação era cada vez melhor. A próxima derrota só viria contra o Internacional, em 16 de setembro, pela 26ª rodada. Nesse meio tempo, foram muitas vitórias e alguns empates.

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Apoteose (com direito a goleada)

Na reta final do Brasileirão, a briga pelo título estava limitada a Corinthians e Atlético-MG. Entretanto, o Galo passou a tropeçar e mostrar que não tinha a mesma consistência defensiva do rival, que ao fim se mostrou decisiva para o título. Mesmo assim, não era só na defesa que o Timão brilhava. Com o time na mão, Tite conseguiu evoluir seu padrão de jogo para um mais ofensivo, que misturava trocas de passes inteligentes e chegada dos jogadores de meio de campo ao ataque.

Esta ofensividade ficou comprovada na goleada por 4 a 1 sobre o Atlético-PR, em 18 de outubro, e, principalmente, contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte, na partida que se tornou uma final antecipada. Com oito pontos a menos, a vitória era a última chance para o time mineiro manter o sonho do título, mas aconteceu justamente o contrário. O Timão se impôs com marcação adiantada e futebol eficiente para vencer por 3 a 0.

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O triunfo fez do Corinthians o campeão virtual do Brasileirão 2015. O título veio de forma matemática na 35ª rodada, em 19 de outubro, e com uma ajuda do São Paulo, que bateu o Galo no Morumbi. A festa foi justamente em cima do Tricolor, com uma goleada histórica por 6 a 1, ainda mais surpreendente porque o alvinegro usou um time cheio de reservas. Foi o momento apoteótico do ano em que o clube se tornou, mais uma vez, e com sobras, o melhor do Brasil.

2016: o repeteco de 2011/2012?

Da última vez que foi campeão brasileiro, em 2011, o Corinthians conseguiu vencer a Libertadores e o Mundial de Clubes no ano seguinte. O sonho de todo o torcedor alvinegro é repetir a façanha em 2015/2016. E, para o comentarista Bruno Prado, da Rádio Jovem Pan, este sonho é possível. “O Corinthians mantém uma linha de trabalho, em 2016 vai continuar forte, sendo um dos principais times, com condições de brigar por todos os títulos que disputar. E entra na Libertadores como um dos grandes favoritos. Entre os brasileiros, o Corinthians é o mais forte, e tem condições, sim, de repetir o que fez em 2012. Vai perder jogadores, trazer outros, mas nenhum time brasileiro consegue manter o elenco de um ano para outro”, disse Bruno. No entanto, é preciso observar que o cenário está um pouco mais compliado hoje em dia.

“Acho que, se comparar com 2012, em 2016 diminuiu um pouco a distância dos brasileiros para os argentinos, o Brasil venceu quatro Libertadores seguidas entre 2010 e 2013, e até financeiramente os brasileiros estavam mais fortes. A diferença para os argentinos era maior, hoje está mais igual. O Boca Juniors tem um Tevez no elenco, por exemplo”, analisou o comentarista. O ano de 2016, portanto, reserva desafios ainda maiores para o Corinthians.

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