Depois de doping por cocaína, Rodolfo agradece apoio do CAP e quer ser exemplo

  • Por Ana Cichon/Jovem Pan
  • 26/02/2014 16h32
Bruno Baggio/ Site oficial/ Atlético-PR Rodolfo ficou um ano afastado do futebol e hoje é capitão da equipe do sub-23

Capitão da equipe sub-23 do Atlético Paranaense, Rodolfo tem uma história pouco peculiar no mundo do futebol. Em agosto de 2012, o goleiro foi pego no antidoping pelo uso de cocaína, e poderia ter encerrado a carreira, mas contou com o apoio do clube e após um período em clínica de reabilitação e um ano de suspensão do futebol, retornou aos campos.

O agradecimento ao Furacão e as atividades de tratamento serão para sempre, e em conversa exclusiva com a Jovem Pan Rodolfo contou sobre como começou e a mensagem que deseja levar a todos os dependentes.

“Comecei a usar drogas muito em decorrência do álcool, quando eu tinha quinze anos, e continuava indo em festa e tendo amizades muito erradas. Isso em levou a usar cocaína pela primeira vez, e de lá pra cá eu usei bastantes vezes. Foi esse o motivo de ter criado a dependência”.

Atleta desde jovem, quando começou no Paraná Clube, Rodolfo destacou que sabia do perigo de cair no antidoping, mas não se preocupava, pois as drogas o faziam viver em mundo de ilusão. “Quando você está no mundo das drogas você usa para fugir da realidade, e eu não queria saber dos problemas nem das responsabilidades”.  

Quando o resultado chegou, o goleiro abriu o jogo com os dirigentes do clube e confirmou que era dependente, que usava cocaína há bastante tempo e resolveu pedir ajuda, sendo acolhido pelo Atlético. “Na situação que eu estava, se eu não fosse pego no antidoping eu já teria estragado a minha vida por completo. Essa ajuda que eles estão me dando é essencial na minha vida. Acho que foi o primeiro clube que ajudou uma pessoa assim num tratamento contra as drogas, eu nunca esperava este apoio. Mesmo se sair vou manter contato com psicólogos daqui pra eles me acompanharem, porque a recuperação vai ser para o resto da vida”.

Cinco dias após a reunião ele foi internado em uma clínica de reabilitação contra álcool e drogas, e ficou durante dois meses e meio neste tratamento. Após este período, ainda ficou em um regime fechado no Centro de Treinamento do Atlético-PR por mais um mês, e participou de terapia em grupo na clinica todos os dias.

O futebol, nesta primeira fase de tratamento, ficou de lado. “Eu e o Atlético não nos preocupávamos com isso. Nessa questão das drogas tem que cuidar primeiro do ser humano, depois do atleta. Meu internamento foi pra cuidar da vida pessoal do Rodolfo, das questões, dos problemas e das responsabilidades, depois que sai comecei a me preocupar com forma física”.

A primeira punição pelo uso de cocaína apontava dois anos longe dos gramados, mas após exames feitos mensalmente, que apontaram que o goleiro estava limpo, a pena foi diminuída para um ano, e Rodolfo retornou aos gramados em setembro de 2012. O medo de recaída ainda está presente, mas ele acredita que o pior período já passou, e que a confiança recebida por todos e o trabalho forte o farão retornar ao grupo principal e ainda disputar uma Libertadores.

“Não esqueci as droga nem o álcool, mas hoje trato muito o emocional, porque é o ponto mais importante. Tenho ciência que alguns lugares favorecem o acesso a qualquer tipo de droga, e eu tenho que colocar na cabeça que não posso ir. O mundo do futebol promove um acesso fácil, pois somos convidados a diversos tipos de evento e na maioria existem drogas e bebidas”.

Colegas de clube, Rodolfo revelou que conversa bastante com Adriano sobre o dia a dia, mas nunca abordaram o tema drogas e reabilitação. Além disso, disse que o “Imperador” recebe acompanhamento psicológico no clube, assim como ele, e que acredita que o está fazendo bem para o futebol e para a vida pessoal do atacante. O goleiro também faz terapia individual, conversa duas vezes por semana com um psiquiatra e quando está de folga dos treinamentos participa de terapia em grupo na clínica.

O estigma de “atleta que foi pego no antidoping pelo uso de cocaína” ele sabe que carregará pelo resto da vida, mas tem certeza que depende apenas dele para mudar a história. E para recompensar o apoio recebido no Atlético-PR, tem conversado com atletas da base e com o elenco do sub-23, relatando os problemas sobre o efeito do álcool e das drogas no organismo e na vida das pessoas. Há ainda um projeto elaborado por ele e outros colegas para ajudar dependentes em reabilitação.

 

 

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