De “avalanche” a fraturas expostas: torcedor relata drama na Ilha do Retiro

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2018 19h09
MARLON COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Torcedores do Santa Cruz são atendidos após se ferirem em confusão com a PM na Ilha do Retiro

Presente no setor destinado à torcida visitante no clássico entre Sport e Santa Cruz, na última quarta-feira (7), na Ilha do Retiro, o assistente administrativo José Wagner Santos, 27 anos, concedeu entrevista exclusiva à Jovem Pan e revelou detalhes do confronto entre policiais militares e parte da torcida do Santa Cruz. Segundo ele, a polícia agiu de maneira desproporcional e, em certo momento, provocou uma “avalanche” de pessoas nas arquibancadas. 

“Foi um fato muito lamentável”, definiu. “Quando um torcedor acendeu um sinalizador no meio da torcida, na parte de cima, o policiamento já chegou dando porrada e jogando spray de pimenta em todo mundo que estava em volta. Aí, veio tipo uma avalanche de gente. O pessoal que estava em cima começou a cair sobre quem estava embaixo, várias pessoas ficaram com fratura exposta, maxilar e ombros deslocados, perna arrebentada…”, detalhou. 

De acordo com José Wagner, os policiais militares não só ignoraram os pedidos de ajuda para atendimento aos feridos, como também acirraram os ânimos. O Sport, clube mandante, também foi criticado por supostamente ter disponibilizado um espaço insuficiente para a torcida visitante. 

Quando a gente estava pedindo para o policiamento abrir o portão para o pessoal ser atendido nas ambulâncias, o policiamento simplesmente jogou spray de pimenta em todo mundo. Foi uma coisa lamentável. Foi um despreparo total do policiamento e do clube mandante, que deu um espaço de duas mil pessoas para quatro mil”. 

A confusão aconteceu perto do fim primeiro tempo, quando policiais usaram grande quantidade de gás de pimenta para intervir quando um torcedor do Santa Cruz tentou acender um sinalizador, objeto proibido em jogos de futebol. Houve corre-corre generalizado no setor destinado à torcida visitante, e, devido ao pouco espaço, diversas pessoas caíram sobre outrasPelo menos 60 ficaram feridas, tendo sido atendidas nas ambulâncias na beira do gramado, e cinco foram detidas. 

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o tenente-coronel Cezar Moraes, comandante do Batalhão de Choque que atuou no estádio, disse que os procedimentos adotados pela Polícia Militar de Pernambuco foram adequados. “Tivemos uma atuação dentro das regras. Quando identificamos o torcedor, agimos de forma cirúrgica para retirar e o fizemos dentro de todas as regras de atuação”, afirmou. 

Segundo ele, a confusão foi ocasionada pela torcida, que promoveu uma “avalanche” após a detenção do torcedor. “A confusão foi ocasionada pelos torcedores. A preocupação do Choque era prestar a assistência aos feridos, então foi utilizada a força necessária e as técnicas disponíveis para dispersar aquelas pessoas que queriam entrar dentro de campo”. 

O jogo, válido pelo Campeonato Pernambucano, terminou empatado por 1 a 1. 

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