Ex-goleiro do Botafogo revela que sofreu racismo da CBF na Seleção Brasileira sub-20

  • Por Jovem Pan
  • 16/02/2019 12h25
Gaspar Nóbrega/Vipcomm Gaspar Nóbrega/Vipcomm Jefferson superou racismo e chegou a ser titular da Seleção Brasileira principal
Ídolo do Botafogo, o ex-goleiro Jefferson fez uma revelação chocante. Ele contou que sofreu racismo na Seleção Brasileira sub-20, em 2003. O atleta deixou de ser convocado para um Mundial da categoria por ser negro. O veto teria partido de um ex-funcionário da CBF.
Antes do Mundial, Jefferson era constantemente convocado para a equipe brasileira sub-20, treinada por Marcos Paquetá na época. Mas ele ficou surpreso por não ser chamado na lista final: “estava praticamente decretado quem seriam os goleiros: eu, Fernando Henrique e Fabiano. Quando saiu a convocação para o Mundial, eu estava certo que meu nome estaria lá, e para a minha surpresa, não estava. Um mês atrás estava tudo certo!”, afirmou.

Por causa de uma guerra no Iraque, a competição, que era sediada nos Emirados Árabes, acabou sendo cancelada. Quando ele foi remarcada, Jefferson foi convocado, porque o racista tinha saído da CBF: “eu estava no banco do Max na Série B, então nem estava esperando. Então recebi uma ligação do Paquetá: ‘e aí, está preparado para voltar à Seleção? A gente ia te convocar lá atrás, só que a gente foi barrado, porque não poderia convocar goleiros negros. Tinha uma pessoa na CBF que falou que não poderia convocar. Essa pessoa saiu e agora podemos fazer o que quisermos'”, revelou.

O agora ex-goleiro foi reserva no início da competição, com Fernando Henrique como titular, mas ganhou a posição ao longo do torneio. A equipe foi campeã da competição, vencendo a Espanha na decisão. O time tinha nomes como Daniel Alves, Fernandinho, Kleber Gladiador e Nilmar.

Antes, quando o arqueiro atuava no Cruzeiro, em 2003, encontrou resistência da cúpula do clube para ser alçado ao time profissional. O técnico da época, Luiz Felipe Scolari, chegou a afirmar que um membro da diretoria “preferia um goleiro loiro, alto, porque achava mais interessante”.

Jefferson teve o ápice da carreira no Botafogo, com duas passagens, de 2003 a 2005 e de 2009 a 2018. Na segunda delas, chegou à Seleção Brasileira principal, com 22 partidas disputadas entre 2010 e 2015.

Com Estadão Conteúdo

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