Ex-goleiro do Fla explica denúncias e não crê em mudanças nas estruturas precárias dos clubes

  • Por Allan Brito/ Jovem Pan
  • 12/02/2019 16h53 - Atualizado em 12/02/2019 17h00
Flamengo/ Divulgação Getúlio Vargas foi formado no CT do Flamengo e passou dificuldades nos anos 90

Ex-goleiro do Flamengo, Getúlio Vargas organizou nas redes sociais uma série de denúncias graves, que mostram as dificuldades dos jogadores de futebol no Brasil. Ele recebeu e divulgou fotos que mostram estruturas precárias para atletas, tanto nas categorias de base quanto nos times profissionais. Em entrevista à Jovem Pan, Getúlio contou que fez isso porque ficou abalado com a tragédia no CT do Flamengo, revelou uma história emocionante e disse que nada deve mudar se depender apenas dos clubes.

Getúlio refletiu sobre o incêndio no Ninho do Urubu e quis mostrar que o problema no futebol brasileiro é pior do que as pessoas imaginam: “eu tive um final de semana de m… Fique fora por 3 dias. Quando chegou na segunda, eu liguei a TV e vi as pessoas botando várias opiniões. Isso me deu um estalo, porque hoje estou com 36 anos e, quando eu tinha 16, já era assim. Poucos times evoluíram. E um dos poucos que evoluiu, como o Flamengo, deu uma m… dessa. Então pensei: ‘vou pedir pra galera mandar fotos para mim, eu prometo sigilo e mostro que isso não é um problema de agora. A realidade é pior do que imaginam”.

O ex-goleiro, que atualmente é comentarista de TV e palestrante, contou que tem recebido cada vez mais denúncias no celular que divulgou: “um mandou, depois outro mandou e agora começou a explodir. Eu comprei um novo chip só para isso, coloquei em um celular antigo e até tive que desligar um pouco agora, porque se não faço isso, não consigo fazer mais nada”. O número para envio de fotos é (21) 967330593. As imagens estão sendo publicadas no Instagram do ex-goleiro (@getulio_vargas).

Entre tantas mensagens, Getúlio conta que ficou especialmente emocionado com a história de um garoto: “eu postei agora fotos de um atleta que está na base de um time da primeira divisão de Minas Gerais. Ele me falou que não está tendo força, porque perdeu o pai e está longe da família. Eu disse para ele segurar firme e tentei conversar para dar uma força a mais. Ele disse ‘vou lá treinar para dar orgulho à minha mãe’. Eu comecei a chorar. Estava com meus filhos no carro e fiquei pensando. Ele deve ser a única esperança da família, porque perdeu o pai e vai morar em um alojamento daquele”.

Quando foi formado no Flamengo, na década de 90, Getúlio disse que tinha problemas com segurança e comida no Ninho do Urubu: “era mais ou menos parecido com o que estou postando agora”. E apesar dele conhecer bem o mundo do futebol, ficou espantado com outras situações, como um chuveiro elétrico que vaza água para dentro da fiação e também um alojamento que tem 4 colchões e 1 ventilador para 8 jogadores do time profissional, em Sergipe: “parece que estão no sistema penitenciário”.

Getúlio também afirmou que não tem pretensão de ser “revolucionário” e nem causar tumulto, por isso tem evitado divulgar nomes de jogadores e clubes nas redes sociais. Ele inclusive acredita que só outros órgãos possam mudar essa situação no Brasil: “se não partir de quem tem o poder na mão, não vai mudar muita coisa. Os clubes têm muitos problemas para cuidar. O que a gente teve agora em Brumadinho teve igual 2 anos atrás. E se comprometeram a fazer vistorias, mas não sei qual o nível de cobrança que tiveram. Se quem estiver em cima não apertar, não sei se os clubes mudam muita coisa”.

Enquanto tentam investigar o caso do Flamengo, Getúlio mostra que também é preciso olhar além do clube rubro-negro. No resto do Brasil existem situações piores, que podem culminar em tragédias ainda mais graves. Alguns órgãos já estão prometendo fiscalização nos próximos dias, como o próprio Getúlio divulgou orgulhosamente no Instagram.

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