Alvo do Palmeiras é viciado em futebol, quer Seleção, mas não vingou em grande

  • Por Jovem Pan
  • 01/12/2016 00h07

Hoje na Ponte Preta Divulgação Hoje na Ponte Preta

A saída de Cuca e a definição dos destinos de Roger Machado (Atlético-MG) e Abel Braga (Fluminense) colocaram sobre Eduardo Baptista o foco do atual campeão brasileiro. Sem técnico para 2017, o Palmeiras tem no jovem de 46 anos, atualmente na Ponte Preta, o seu Plano A para a próxima temporada – a outra possibilidade ventilada é a da efetivação do auxiliar Alberto Valentim. 

Filho de Nelsinho Baptista, Eduardo é um dos expoentes da nova e promissora geração de técnicos brasileiros. Fissurado por futebol, o principal alvo alviverde é estudioso, sonha em treinar a Seleção, mas não vingou no único time grande que comandou na até aqui curta carreira. 

Baptista tem apenas três anos de experiência como técnico. Ele começou na função em 2014, depois de trabalhar como preparador físico por mais de 15 anos. A primeira experiência à frente de um banco de reservas aconteceu no Sport. E foi para lá de bem sucedida. 

Eduardo foi campeão pernambucano e da Copa do Nordeste logo nos primeiros meses de clube. Dali em diante, virou uma das grandes promessas do futebol brasileiro. Fez o Sport jogar bem durante toda a temporada e encerrou o Campeonato Brasileiro na 11ª colocação, melhor resultado da história rubro-negra na era dos pontos corridos. 

O bom trabalho continuou na competição nacional do ano seguinte, com o Sport acumulando dez jogos de invencibilidade e ficando no G-4 por 14 rodadas, maior número do primeiro turno. Em agosto, o nome de Eduardo Baptista chegou até mesmo a figurar na lista dos 100 melhores técnicos do mundo pelo site Coach World Ranking. Foi o bastante para que ele se transferisse a um time grande, deixando, por conta própria, de ser o treinador mais longevo em um mesmo clube na Série A.

Eduardo começou a comandar o Fluminense em 17 de setembro de 2015, sob enorme expectativa. Ela, porém, acabaria frustrada depois de pouquíssimo tempo. O técnico até levou o time à semifinal da Copa do Brasil, é verdade, mas não fez um bom trabalho e foi demitido no início do ano seguinte, mais precisamente em 25 de fevereiro.  

Foram apenas 26 partidas e um pífio aproveitamento de 37% na até aqui única experiência de Eduardo Baptista em um clube de primeiro escalão. É exatamente isto o que preocupa a torcida palmeirense, apesar do bom desempenho do técnico na atual temporada – ele comandou a Ponte Preta e, em vez de lutar contra o rebaixamento, chegou a flertar com uma vaga à próxima Libertadores.  

Há quem ache que o Palmeiras deva contratar alguém de mais peso para uma temporada que promete ser tão importante, com disputa de Libertadores e possibilidade de bicampeonato brasileiroMas o perfil de Eduardo Baptista agrada ao novo presidente, Maurício Galiotte, e ao diretor de futebol, Alexandre Mattos – que, apesar de ainda não ter renovado, participa do planejamento palmeirense para 2017.

Adepto do 4-2-3-1 e do 4-1-4-1, esquema adotado por Tite no Corinthians e na Seleção Brasileira, Eduardo admira triangulações e rende melhor em times reativoscontra-atacadores  como o Palmeiras, que, nos últimos meses, apresentou dificuldades quando foi obrigado a propor o jogo. 

O técnico, que tem contrato com a Ponte Preta até o fim de 2017, também é um dos poucos brasileiros que trabalha com eficiência o sistema de marcação por zona, opção ignorada por Cuca e que, muitas vezes, rendeu críticas de torcedores e especialistas ao treinador campeão brasileiro – adepto da defesa por encaixes individuais.

Eduardo ainda é discreto, estudioso e acostumado a novas metodologias de trabalho – ele está prestes a tirar a Licença A da CBF, filma todos os jogos e treinamentos para observar, detalhadamente, o desempenho de cada atleta e gosta de assistir desde a jogos da Europa a partidas da Ásia, onde o seu pai trabalha há pelo menos sete anos. É um verdadeiro fissurado por futebol. 

Estar neste esporte, para mim, não é um trabalho, mas um prazer”, definiu Baptista, em entrevista exclusiva concedida à Rádio Jovem Pan há duas semanas. “Eu procuro assistir aos VTs dos jogos, estudar os rivais e dar ênfase aos treinamentos, como o meu pai faz, por exemplo”, acrescentou. 

“Eu aprendi muita coisa com ele. Na parte tática, o Nelsinho é um cara sensacional. Trabalhei com ele por alguns anos e, em muitos momentos, eu rezava para o primeiro tempo acabar logo, para ele mudar o jogo no intervalo. Ele tem uma leitura muito boa da partida e consegue intervir no jogo da maneira correta”, elogiou. 

O desejo do jovem treinador, atualmente na mira do campeão brasileiro, é o de um dia ocupar o lugar que, hoje, pertence a uma de suas referências: Tite. “A Seleção é o auge… Eu não consigo nem falar que trabalhar no Barcelona seria melhor do que trabalhar na Seleção. Eu sou um admirador da Seleção e trabalho, sim, para um dia ter uma chance ou, pelo menos, ser cotado para ela”, finalizou.

O primeiro passo, é claro, seria assumir o melhor time do Brasil  algo que, pelo menos por enquanto, pode estar mais perto do que ele imaginava.

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