Profecia e superstições de Cuca: o caminho místico até o título do Palmeiras

  • Por Jovem Pan
  • 18/11/2016 20h42
SP - BRASILEIRÃO/PALMEIRAS X INTERNACIONAL - ESPORTES - O técnico Cuca do Palmeiras durante partida entre Palmeiras x Internacional, válida pelo Campeonato Brasileiro 2016, no estádio Arena Palmeiras em São Paulo, SP, neste domingo (6). 06/11/2016 - Foto: MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Com sua calça vinho

27 de março de 2016, estádio Prudentão, em Presidente Prudente, interior de São Paulo. Dentro de campo, Água Santa e Palmeiras se enfrentavam pela 12ª rodada do Paulistão. O time alviverde, que vinha de três derrotas consecutivas, viria a sofrer mais um revés. Dessa vez uma goleada para a equipe de Diadema, 4 a 1. O resultado vexatório deixou a classificação ao mata-mata do Estadual ameaçada e o Palmeiras bem próximo da zona de rebaixamento.

Algo inadmissível pela grandeza do clube e, especialmente, pelo investimento feito para a temporada 2016. O técnico Cuca, que havia assumido o comando do time alviverde há poucos dias, substituindo Marcelo Oliveira, chamou a responsabilidade diante dos jogadores e tentou passar confiança para o grupo, como ele mesmo contou ao repórter da Jovem Pan, André Ranieri.

Segundo o treinador, foi no pior momento da equipe na temporada que ele falou pela primeira vez que o Palmeiras seria campeão: “Foi no momento em que estávamos mais em baixa. Vínhamos de algumas derrotas seguidas e estávamos na iminência de nem classificar para o mata-mata do Paulista. Naquele momento, eu puxei essa responsabilidade querendo mostrar uma confiança no grupo. Hoje, nosso elenco não precisa mais disto”.

O time pode ter falhado na Libertadores, ao ser eliminado precocemente na fase de grupos, e também no Paulistão, ao perder para o Santos na semifinal. Mesmo assim, o técnico Cuca não desistiu e voltou a repetir as palavras ditas após a goleada sofrida diante do Água Santa, dessa vez de forma pública. Ainda na Vila Belmiro, após a eliminação para o Peixe nos pênaltis, o comandante alviverde falou novamente que o time seria campeão.

“É ruim, mas o Palmeiras sai de uma maneira honrosa. Vamos brigar, vamos ser campeões. Vamos fazer tudo certinho. O Palmeiras sai da melhor forma que poderia, se é que existe a melhor forma, com honra, dignidade, dentro de um campeonato irregular. A gente sai de cabeça erguida. Vamos buscar o Brasileiro”, previu o treinador em entrevista coletiva no vestiário da Vila Belmiro.

A declaração incomodou os adversários, que classificaram a atitude de Cuca como “presunção” e o chamaram de “pretencioso”. Mas, internamente, o discurso de Cuca foi aprovado. Os jogadores se sentiram ainda mais motivados e prestigiados, deixando claro ao longo da competição nas entrevistas coletivas. Boa parte dos jogadores repetiram as palavras e elogiaram a postura e o trabalho do treinador, que conseguiu cumprir a profecia.

Superstição

Além da profecia, da montagem do time e do trabalho do dia-a-dia, Cuca é conhecido também por suas manias e superstições. O treinador não gosta de falar a respeito, mas também não nega que possui outras preocupações além daquelas atribuídas a sua função no Palmeiras, e leva algumas até na brincadeira. Ao longo do Campeonato Brasileiro, a torcida alviverde se acostumou a ver o comandante vestido sua calça vinho e usando seu relógio verde.

Essa fama de supersticioso de Cuca é antiga, desde os tempos de jogador. Entre mitos e verdades, a mais conhecida é a da ré no ônibus. O treinador só aceita que o ônibus responsável por levar a delegação aos jogos ande para frente. A marcha ré não pode ser acionada, nem quando for necessário realizar uma manobra para estacionar o veículo. Existe também a mania de Cuca sempre entrar em campo com o pé direito à frente.

Outra curiosidade em relação ao comandante alviverde é que, durante os treinos do Palmeiras, Cuca costuma sempre estar junto de uma bola, seja nos pés ou sob os braços. Devoto de Nossa Senhora Aparecida, sempre carrega a imagem da Padroeira do Brasil nos jogos. O treinador costuma repetir também a frase “Tudo que Deus faz é bom” em suas entrevistas coletivas.

Recentemente, em entrevista coletiva, o lateral-direito Jean entregou uma nova superstição do treinador. O camisa 17 disse que Cuca gosta que, antes dos jogos, os jogadores passem somente pela sua frente na saída do vestiário. “Teve um fato interessante que aconteceu. Eu estava saindo do vestiário, e ele gosta de passar aquela força antes do jogo. Quando fui cumprimentar, passar por trás dele, ele me puxou para passar pela frente”, disse.

Se é verdade ou não, o importante para os torcedores do Palmeiras é que no final as superstições e manias do comandante fizeram parte da conquista alviverde. Em 37 jogos realizados até confirmar o nono título nacional, o time de Cuca conquistou 23 vitórias, empatou oito jogos e perdeu apenas seis. 59 gols foram marcados (melhor ataque) e 31 sofridos (melhor defesa). 

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