Árbitro que deu cartão a Ceni após 100º gol admite: “não tinha necessidade”

  • Por Jovem Pan
  • 11/02/2016 18h37
Luiz Pires/VIPCOMM Rogério Ceni comemora o centésimo gol de sua carreira

O Brasil para em frente à TV. Rogério Ceni parte, cobra falta com extrema categoria e manda a bola no ângulo direito do goleiro Júlio César. Gol. O centésimo da carreira do maior goleiro artilheiro da história do futebol. A Arena Barueri explode de alegria, o capitão tricolor não se contém, extravasa por causa da marca absurda que acaba de alcançar e tira a camisa para comemorar com seus companheiros. Momentos depois, leva cartão amarelo por desrespeitar aquela que é uma das recomendações mais polêmicas criadas pela Fifa. Nem em um momento tão sublime o bom-senso fala mais alto. 

Mas, cinco anos depois do ocorrido, o que será que pensa o árbitro daquela partida? Aproveitando o fim de semana de clássico Corinthians x São Paulo pelo Campeonato Paulista, o repórter Luís Carlos Quartarollo, da Rádio Jovem Pan, foi atrás da resposta. Ele entrevistou o homem que teve a frieza de dar um cartão amarelo a Rogério Ceni depois de o goleiro explodir de alegria e tirar a camisa por ter feito o centésimo gol da carreira. 

Se eu não desse o cartão, estaria errado“, avalia Guilherme Ceretta de Lima, que abandonou a arbitragem brasileira e hoje atua no futebol dos EUA. O profissional de 32 anos, porém, admite que não gostaria de ter advertido Rogério Ceni naquele momento – o próprio vídeo do lance comprova que tanto o árbitro quanto o goleiro estavam sem graça diante de tamanho “anticlímax“.

“Foi um cartão diferente. A Fifa é um pouco regrada quanto a essa recomendação e muitas vezes não dá espaço para o bom-senso. O que é textual tem de ser cumprido. Eu também acho que não tinha necessidade de ter dado o cartão ao Rogério naquele momento, mas, se é regra, tem que ser cumprida, explica Ceretta“Até hoje, eu e o Ceni brincamos sobre este fato. Ele é um rapaz muito educado e que entendeu perfeitamente a minha atitude, até porque era um dos poucos jogadores que conhecia sobre arbitragem”, acrescenta.

Era Ceretta, por sinal, quem também comandava a arbitragem de um Corinthians x São Paulo quando o volante Cristian fez um gol no último minuto e provocou a torcida tricolor com gesto obsceno. Foi na semifinal do Campeonato Paulista de 2009, no Pacaembu. Por não ter punido o jogador pelo ato, o árbitro teve de ir três vezes ao tribunal para explicar como não havia visto o sinal feito pelo atleta. O que se tira dessas duas histórias? Que o clássico Majestoso é marcante para Ceretta. 

É um jogo diferente, especial, para o qual você tem de se preparar bem. A imprensa inteira dá muita atenção a esta partida, então o árbitro tem de fazer o máximo para passar despercebido, até para que não a atrapalhe. Não atrapalhando, já está de bom tamanho”, aconselha o árbitro, que, neste domingo, apenas assistirá à atuação do amigo Luiz Flávio de Oliveira no jogo a ser realizado em Itaquera. “Tomara que seja 0 a 0. Empate é bom para os três: Corinthians, São Paulo e árbitro”, encerra, em tom bem-humorado.

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