Negociações frustradas e falta de opções confiáveis mantêm Santos carente de “10”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/04/2018 10h38 - Atualizado em 03/04/2018 10h38
Divulgação/Ivan Storti/Santos FC Jair Ventura já testou quatro opções diferentes na armação do time

Pelé, Pita, Giovanni, Paulo Henrique Ganso… As escalações mais históricas do Santos sempre passaram por um camisa 10 de peso. O fim do período para clubes brasileiros contratarem jogadores que estão fora do País, nesta segunda-feira, sem a chegada de um reforço para a posição, além do revezamento de peças na função, reforçam o fracasso do clube na busca por um substituto para Lucas Lima.

Desde o início de 2018, o Santos tem se revezado em duas frentes. Dentro de campo, o técnico Jair Ventura vem buscando opções para resolver a carência do time. Fora dele, o presidente José Carlos Peres e seus assessores se mexem no mercado atrás de uma opção viável financeiramente. Em nenhuma dessas tarefas, porém, o clube vem obtendo êxito.

A primeira aposta de Jair foi em Emiliano Vecchio, titular em 13 dos 14 primeiros times em 2018. O argentino chegou a conquistar a confiança do treinador por defender como um volante, em função que inclusive já havia sido testada por Levir Culpi, mas também atacando como um meia, ainda que mais lento e organizador do que agressivo na chegada ao ataque, o que o fez ser alvo de críticas

Só que a aposta ruiu em 15 de março, quando Vecchio foi substituído no intervalo da vitória por 3 a 1 sobre o uruguaio Nacional, pela Copa Libertadores, no Pacaembu. Desde então, o Santos fez mais quatro jogos e o argentino não foi mais usado, ainda que o time não tenha encontrado um camisa 10 confiável, com Jair revezando diferentes nomes na função e não se empolgando com nenhum.

“O Vecchio faz parte desse grupo e nada impede que ele possa voltar a atuar. Foi uma opção minha. Ele vibra no banco, quer ajudar de alguma maneira, é um cara especial”, afirmou Jair, demonstrando que o problema com Vecchio não foi comportamental, mas em relação ao futebol que vinha apresentando.

Diante disso, Jair testou Jean Mota na posição nos jogos com o Botafogo de Ribeirão Preto pelas quartas de final do Paulistão, mas a falta de gols e criação de jogadas agudas tiraram o polivalente meia, que até então vinha sendo improvisado na lateral esquerda, do time. E Diogo Vitor, testado contra o Palmeiras no primeiro jogo das semifinais do Paulistão contra o Palmeiras, também não empolgou. Além disso, o técnico vem sendo cauteloso com Vitor Bueno, que ainda não encontrou ritmo e rendimento ideais após se recuperar de uma grave lesão.

A última aposta de Jair, então, foi escalar um time com quatro atacantes de origem – Arthur Gomes, Eduardo Sasha, Rodrygo e Gabriel Barbosa. Os três primeiros tiveram a função de abastecer Gabigol no segundo clássico com o Palmeiras, vencido por 2 a 1 e no qual o treinador optou por trocar o esquema tático 4-1-4-1 pelo 4-2-3-1. “Jean, Bueno e Vecchio já atuaram na posição, mas ainda não temos alguém para segurar a 10”, disse Jair.

A alteração também foi uma resposta de Jair para a falta de opções para uma das funções mais importantes no futebol. “Vamos usar os meninos, criar alternativas e novas formações. Vou trabalhar com o que tenho e não sou de ‘mimimi'”, avisou Jair, que viu a diretoria não ter êxito nas negociações que realizou desde a posse de Peres em janeiro.

O nome dos sonhos foi o argentino Lucas Zelarayán, do Tigres-MEX. As negociações inicialmente foram lideradas por Gustavo de Oliveira, então diretor executivo do Santos e que reclamou da falta de um orçamento claro para fechar a contratação. “Foi uma invenção minha para suprir uma carência de mercado. Claro que é um processo difícil, especialmente sem ter noção total do orçamento que o departamento tem”, disse à ESPN Brasil, na época da sua demissão do cargo. Essa contratação foi tentada por Peres até esta última segunda-feira, mas o Tigres fez jogo duro.

O Santos também buscou nomes com menos status, como Caio Henrique, então no time B do Atlético de Madrid. Pouco aproveitado na Espanha – disputou um jogo pelo time principal, em novembro de 2016 -, retornou ao Brasil no fim de semana, com a possibilidade de reforçar o time onde deu seus passos iniciais nas divisões de base. Mas, como a diretoria o enxergava mais como uma aposta do que como uma solução para a camisa 10, recuou nas negociações diante dos valores envolvidos. E ainda viu o jogador acertar a sua ida ao Paraná Clube.

Assim, sem conseguir contratar um jogador que está no exterior, o Santos volta à estaca zero na busca no mercado por um 10, a ponto de Peres ainda lamentar a perda de Lucas Lima, que se transferiu ao Palmeiras após o término do seu contrato com o Santos no fim de 2017.

“Todos estão em busca de um camisa 10. No mercado nacional, não tem. O único que não precisa é o Palmeiras, que tem e tirou da gente de graça. Se tiver, eu busco amanhã, mas não tem”, afirmou Peres em entrevista recente.

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