‘Guru’ de Casemiro explica ‘fracasso’ do volante no SP: ‘ele não se deu bem com as lideranças’

  • 24/09/2018 11h30 - Atualizado em 24/09/2018 11h43
Arquivo Pessoal Casemiro e Bruno Petri. O ex-treinador das categorias de base do São Paulo é uma espécie de "pai" para o volante do Real Madrid

Quem vê Casemiro correndo, desarmando e passando com incrível maturidade nos jogos do Real Madrid pode não lembrar, mas o volante, hoje consolidado entre os melhores da posição no mundo, “penou” para ser reconhecido como um atleta confiável. Tetracampeão europeu e titular absoluto da Seleção Brasileira aos 26 anos, o Casemito, como é carinhosamente chamado, deixou o São Paulo pela porta dos fundos, acusado de ser um jogador “mala” e pouco disciplinado. Tudo isso, há apenas cinco anos.

As dificuldades de Casemiro no Brasil foram acompanhadas de perto por Bruno Petri, treinador do volante nas categorias de base do São Paulo. Tido como um “pai” do camisa 14 do Real Madrid, o hoje membro do estafe do jogador concedeu entrevista exclusiva ao comentarista Bruno Prado, da Rádio Jovem Pan, e explicou as razões que levaram Casemiro a “fracassar” no clube tricolor.

Sincero, Petri contou que Casemiro foi vítima de uma falta de direcionamento comum a jovens jogadores brasileiros na transição da base para o profissional. Além disso, revelou que o volante “não se deu muito bem” com as lideranças do elenco são-paulino na ocasião.

“Ainda falta no futebol brasileiro o profissional que tenha um conhecimento de tudo o que envolve a subida de um menino da base para o profissional. Há uma mudança muito grande na realidade dos jogadores, e eles passam por enormes dificuldades. Muitos se perdem com o assédio da imprensa, com o ganho de dinheiro, o aumento do número de fãs… E o Casemiro foi mais um exemplo desses atletas que se perderam no momento da transição”, explicou Petri.

“Teve também uma questão muito particular do São Paulo naquela época… O Casemiro não se deu muito bem com as lideranças do grupo na ocasião. Essas lideranças o deixaram à parte, o que acabou gerando esse problema de ele não conseguir desenvolver o que tudo mundo acreditava e o que todo mundo sabia que ele tinha capacidade naquele momento da transição”, acrescentou.

O cuidado que Casemiro não teve no São Paulo, segundo Petri, foi encontrado no Real Madrid. E personalizado na figura de um dos treinadores mais polêmicos de todos os tempos. Falastrão e controverso, José Mourinho foi extremamente importante na retomada do jogador. Admirador confesso de Casemiro, o português deu confiança e oportunidades ao volante antes mesmo do empréstimo de um ano ao Porto.

“Para a sorte do Casemiro, ele conseguiu colocar a cabeça no lugar e retomar a carreira lá fora, com a ajuda de profissionais sérios e competentes, que respeitaram o histórico dele. Um deles foi o Mourinho, que o ajudou muito no início no Real. O Mourinho já sabia do histórico do Casemiro, já tinha um conhecimento de Brasil e fez com que ele tivesse esse sucesso que vem tendo hoje”, afirmou Petri.

O próprio ex-treinador da base são-paulina é um exemplo da maturidade alcançada por Casemiro. Mesmo à distância, Bruno Petri hoje trabalha como uma espécie de ‘guru’ do volante titular da Seleção Brasileira, ajudando-o com aspectos técnicos, táticos e psicológicos antes e depois dos jogos.

“Fui contratado por ele há um ano para ajudá-lo a ter progressos. Sempre que ele vai jogar, a gente conversa antes sobre treinamentos e depois sobre a partida em si. Eu observo a atuação dele individualmente, mesmo que pela televisão. Monto as estatísticas e informo a ele quantas vezes ele pegou na bola, quantos passes ele deu, qual foi a forma que ele participou, de que maneira ele chegou na bola, qual movimento fez para chegar na bola, o que poderia ter feito de diferente… Porque é como ele mesmo diz: ‘como eu jogo num dos maiores clubes do mundo, eu preciso ser perfeito para que continue jogando aqui’. O sonho dele é encerrar a carreira lá no Real Madrid”, finalizou.

Vendido pelo São Paulo ao Real Madrid por 6 milhões de euros em 2013, Casemiro hoje tem multa rescisória avaliada em 200 milhões de euros. O contrato dele com o Real Madrid foi renovado em 2015 por mais seis temporadas e vai até junho de 2021.

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