Morto em acidente, goleiro se eternizou com 4 pênaltis e “milagre de Chapecó”

  • Por Jovem Pan
  • 29/11/2016 12h01

Herói da Chapecoense na Copa Sul-Americana Márcio Cunha/Mafalda Press/Estadão Conteúdo Herói da Chapecoense na Copa Sul-Americana

O terrível acidente aéreo que vitimou ao menos 71 pessoas na madrugada desta terça-feira (29), na Colômbia, interrompeu a viagem mais importante da história da Chapecoense. O simpático clube catarinense partia para Medellín, onde começaria a disputar, na próxima quarta-feira, a final da Copa Sul-Americana.

A presença da Chapecoense na fase mais decisiva do torneio continental mobilizou o Brasil inteiro nos últimos dias. E teve no goleiro Danilo um de seus maiores personagens. Morto no hospital San Vicente Fundación horas depois de ter sido resgatado com vida do acidente na Colômbia, o arqueiro de 31 anos brilhou com a camisa da Chape e faleceu no momento em que vivia o auge da carreira. 

Revelado pelo Cianorte, Danilo passou por alguns clubes do interior do Paraná antes de acertar com a Chapecoense, em 2013. Inicialmente emprestado por um ano, o goleiro foi contratado em definitivo no início da temporada seguinte, meses antes da estreia do clube na Série A. Desde então, tomou conta da meta catarinense e se tornou ídolo ao protagonizar momentos inesquecíveis com a camisa alviverde.

Dois deles aconteceram justamente na histórica campanha que levou a Chapecoense à final da Copa Sul-Americana.

Em setembro, nas oitavas de final, Danilo pegou simplesmente quatro pênaltis na decisão contra o Independiente, da Argentina, na Arena Índio Condá. Ao agarrar 50% das cobranças feitas pelo maior campeão da história da Libertadores, o goleiro ganhou dias de fama nacional.  

E ela aumentaria semanas depois.

Em novembro, na emocionante partida de volta da semifinal da Sul-Americana, Danilo foi o responsável por protagonizar um dos lances mais marcantes do ano no futebol brasileiro. No último minuto do jogo contra o poderoso San Lorenzo, da Argentina, o goleiro mostrou reflexo e fez uma brilhante defesa, com os pés, em chute à queima-roupa de Blandi. 

Se aquela bola entrasse, a Chapecoense teria sido eliminada do torneio continental. Danilo, portanto, foi o herói da classificação catarinense à decisão da Copa Sul-Americana. Mas, no dia seguinte ao jogo, preferiu adotar a modéstia, minimizando o grau de dificuldade de uma das defesas mais importantes de 2016. 

Era o último lance do jogo, tudo poderia acontecer. Foi um lance muito rápido. No momento, achei que ia tomar o gol, porque estava muito próximo. A minha felicidade é que ele não chutou muito forte. Não foi uma defesa com grau altíssimo de dificuldade. Mas foi uma defesa importante, uma das mais importantes da minha carreira”, definiu, em entrevista ao Sportv.

Alvo do Corinthians e “melhor” do Brasileiro

Danilo ficou nacionalmente conhecido graças ao “milagre de Chapecó”. Mas, muito antes disto, já se destacava com a camisa da Chapecoense. Tanto que, por pouco, não se transferiu ao Corinthians no fim de 2014. Titular nas três temporadas da equipe alviverde na elite nacional, o goleiro chegou a abrir negociações com o clube paulista e só não foi vendido por questões burocráticas.

O próprio Danilo explicou tudo em entrevista ao Sportv, na semana passada. “Eu recebi sondagens do Corinthians, e não deu certo. A gente estava negociando e, por problemas políticos, a negociação não andou. Eu tinha o interesse de renovar meu contrato com a Chapecoense, que estava acabando, e foi melhor ter renovado”, afirmou, referindo-se ao vínculo que, em maio, foi estendido até 2018.

O talento de Danilo foi reconhecido até mesmo por Walter, atual titular da meta do Corinthians. Na última segunda-feira, o arqueiro alvinegro rasgou elogios ao camisa 1 da Chapecoense e chegou a dizer que, se pudesse, votaria nele como o melhor goleiro da atual edição do Campeonato Brasileiro. “Ele está fazendo um campeonato brilhante. E não é de hoje… Já faz dois, três anos”, justificou, na ocasião.

O goleiro da Chapecoense foi um dos mortos no acidente aéreo desta terça-feira, na Colômbia. Ele era casado e tinha um filho.

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