COI admite pela 1ª vez que votos podem ter sido comprados na escolha do Rio-2016

  • Por Estadão Conteúdo
  • 11/09/2017 17h45 - Atualizado em 11/09/2017 17h48

Ao lado de Nuzman EFE Os amigos Carlos Arthur Nuzman e Thomaz Bach estão envolvidos no escândalo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

Às vésperas de seu congresso anual em Lima, no Peru, o COI abre pela primeira vez uma brecha para reconhecer que votos podem ter sido comprados para sediar Jogos Olímpicos no passado. Pressionado por conta das investigações sobre o Rio de Janeiro, a entidade declarou nesta segunda-feira (11) que já agiu sobre as suspeitas e que vai pedir informações para a justiça brasileira.

“O Comitê Executivo do COI reafirma hoje que é claro que violações ocorridas no passado também serão lidadas”, disse a entidade, por meio de um comunicado emitido em Lima. Com relação às investigações sobre o ex-presidente da IAAF, Lamine Diack, e seu filho, procuradores franceses declararam que existem indícios de que pagamentos foram feitos em troca de votos “sobre a designação de cidades sedes para os maiores eventos esportivos do mundo”.

Lamine Diack está no centro do escândalo brasileiro, depois que procuradores franceses e brasileiros identificaram pagamentos em seu nome a partir de operadores da campanha do Rio de Janeiro. Entre os suspeitos está Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Rio-2016 e do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e considerado pelo presidente do COI, o alemão Thomas Bach, como seu “grande amigo”.

A nova postura do COI foi interpretada por dirigentes da entidade como um sinal claro ao COB de que o está abandonando e que não mais o protegerá. Em meados do ano, quando Carlos Arthur Nuzman pediu mais dinheiro ao COI para preencher o rombo financeiro dos Jogos de 2016, a entidade em Lausanne, na Suíça, também havia se recusado a fazer um novo pagamento.

“Nesse contexto, no que se refere aos votos para as cidades sedes dos Jogos Olímpicos no passado, o COI tomou ação imediata”, garantiu a entidade. “O COI passou a fazer parte como parte civil há mais de um ano”, disse a entidade.

Na última sexta-feira, foi revelado que o COI já sabia de fato das suspeitas antes mesmo dos Jogos do Rio-2016. “Assim que evidências foram produzidas contra Lamine Diack, ele perdeu seu cargo de membro de honra do COI em novembro de 2015”, disse.

A entidade diz que a sua Comissão de Ética também pediu, por meio de seus advogados brasileiros, para fazer e manter contato com as autoridades judiciais brasileiras sobre a mais recente investigação de corrupção sobre o voto de 2009 para a escolha dos Jogos de 2016. A meta desse contato seria o de “pedir informação”. “O Comitê de Ética está acompanhando o caso”, declarou. “Quando evidências forem prestadas, iremos agir”, prometeu.

A declaração do COI vem em meio a uma avalanche de críticas, inclusive de seus membros, diante da falta de uma ação da entidade. O canadense Richard Pound, um dos dirigentes mais influentes do movimento olímpico, cobrou do presidente Thomas Bach uma ação mais dura no que se refere ao Rio.

Nos bastidores, a entidade teme a perda de patrocinadores e mesmo um arranhão em sua reputação, no que seria a sua pior crise de credibilidade em décadas.

O COI ainda afirma que está “totalmente comprometido em proteger a integridade dos esportes” e que novas regras para candidatos entraram em vigor, como parte de uma reforma da entidade. “Como qualquer organização, o COI não está imune a violações das regras, mas fortalecemos de forma significativa o sistema de prevenção e de sanções”, afirmou.

 

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