Vadão relembra sucesso do Carrossel Caipira e lamenta: “matamos o interior”

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2016 13h47
Rafael Ribeiro/CBF Vadão lamentou o péssimo momento dos pequenos clubes do interior do país

Foi-se o tempo em que os times do interior eram realmente temidos e formavam equipes que brigavam de igual para igual com os grandes clubes da capital. Um dos últimos grandes clubes do interior paulista que arrancou suspiros dos amantes do futebol no estado e até hoje é lembrado com saudade é o Mogi Mirim de 1992, conhecido como o carrossel caipira.

Comandante do marcante time paulista que apresentou Rivaldo ao mundo, Oswaldo Alvarez, o Vadão, lembra com saudade do seu primeiro grande trabalho na carreira. Em conversa exclusiva com a rádio Jovem Pan, Vadão relembrou a montagem da histórica equipe do Sapão, e lamentou a falência do futebol do interior.

“Aquele foi o momento inesquecível. Início de carreira, comecei muito bem, um sistema de jogo muito pouco usado no Brasil na época com três zagueiros, e fizemos o Mogi Mirim jogar um futebol bonito, vistoso e com eficiência nos resultados. Foi o momento inicial para muitos jogadores importantes, inclusive o Rivaldo. Acredito que aquele momento, no Carrossel, ficou muito marcado para todos os brasileiros”, relembrou Vadão.

“Usávamos uma rotatividade muito grande. Naquele momento, foi uma coincidência estarmos com jogadores jovens e todos com flexibilidade, polivalência. Quando implantamos os três zagueiros, mas com rotatividade. O Rivaldo, por exemplo, que no carrossel era o centroavante, acabou virando um grande meia do futebol mundial. Isso mostra que era uma equipe com grande rotatividade”, disse o treinador que destacou o tempo de trabalho como fator primordial para o sucesso do Mogi em 92.

“Fazer um time com alta rotatividade e trocas de posição precisa de um tempo maior de treino. Na época, o Mogi não disputava o Brasileiro, só o Paulista, então tivemos seis meses para treinar a equipe. O tempo de trabalho é fundamental para que isso aconteça”, explicou.

Com passagens por muitos clubes do interior, Vadão lamentou o péssimo momento dos pequenos times que, apesar da tradição, sofrem com questões financeiras.

“Vejo que quebrou o interior. Até hoje não houve um ajuste ideal para que os clubes possam investir com maior tranquilidade. Se pegar o interior na época (do carrossel caipira), o treinador do Rio Branco de Americana era o Cilinho, do União São João era o Picerni, da Ponte Preta era o Luxemburgo. O interior era forte. Naquela oportunidade, o Mogi vivia da venda de jogador. E hoje você investe no jogador, dependendo do empresário ele não assina nenhum documento e fala ‘vamos para outro lugar’”, lamentou o Vadão.

“Precisamos de alguns ajustes porque o maior celeiro que tínhamos era o interior e nós matamos o interior. Jogadores ainda vão aparecer, mas não teremos mais as condições que tínhamos antigamente. Todo o interior, que gerou jogadores importantes, hoje é formado por equipes sem condições de investimento de base”, comentou o treinador.

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