Acidentes com maior companhia aérea do país marcam 2014 na Malásia

  • Por Agencia EFE
  • 18/12/2014 17h30

Rocío Otoya.

Sydney (Austrália), 18 dez (EFE).- O ano de 2014 foi catastrófico para a Malaysia Airlines, que ficou à beira da falência devido aos acidentes de dois aviões da companhia aérea, um desaparecido no oceano Índico e outro derrubado no leste da Ucrânia.

A primeira tragédia aconteceu em 8 de março quando o voo MH370, com 239 pessoas a bordo, entre eles dois iranianos que viajavam com passaportes roubados, mudou de rumo em uma “ação deliberada”, segundo os analistas, apenas 40 minutos após decolar em Kuala Lumpur rumo a Pequim.

O desaparecimento da aeronave motivou uma intensa operação internacional de busca que se estendeu por parte da Ásia e da Oceania, mas que foi suspensa temporariamente após acabarem as esperanças de localização das caixas-pretas e para voltar a analisar todos os dados disponíveis.

Nesse processo, foi ordenada em maio a elaboração de um mapa de uma porção do leito marinho do oceano Índico onde se acredita que estejam os destroços do avião, uma área com 60 mil quilômetros quadrados de extensão e a cerca de 1.800 quilômetros a oeste da cidade australiana de Perth.

Mas, nove meses depois do acidente, ainda não há notícias do avião, embora a Austrália, encarregada de coordenar a busca por ser o país mais próximo do desastre, tenha prometido não diminuir seus esforços, enquanto os familiares das vítimas já começaram a processar na Malásia a companhia aérea por negligência.

Apesar de esta primeira tragédia ter comovido o mundo e ser considerada um dos maiores mistérios da aviação civil, foi a derrubada, em 17 de julho, da aeronave que fazia o voo MH17 da Malaysia Airlines, que ia de Amsterdã a Kuala Lumpur, que causou indignação entre a comunidade internacional.

O avião – que levava a bordo 193 holandeses e 38 cidadãos de outras nacionalidades – foi derrubado por um míssil terra-ar na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, que está sob controle dos separatistas pró-Rússia, embora eles sempre tenham negado ter responsabilidade.

Austrália, EUA e União Europeia aplicaram sanções contra a Rússia pelo derrubada do voo MH17 e exigiram o acesso dos especialistas internacionais para recuperar os restos humanos e destroços materiais no meio deste conflito, que é a maior crise de segurança na Europa desde a década de 1990.

Em novembro, os destroços do avião foram levados à cidade ucraniana de Kharkiv, controlada pelo governo de Kiev, enquanto continua na Holanda o processo de identificação das vítimas.

A crise na Ucrânia e a tragédia do voo MH17 marcaram este ano várias reuniões internacionais e ofuscaram a cúpula do G20 na cidade australiana de Brisbane, onde os líderes de EUA, Japão e Austrália condenaram a anexação da Crimeia e a participação da Rússia na crise, além de exigir que os responsáveis pela derrubada do avião sejam julgados.

As consequências das tragédias foram muito sentidas pela Malaysia Airlines, que sofreu uma queda de 33% em seu número de passageiros, o que se traduziu em notáveis perdas.

A companhia aérea malaia tem mais de US$ 4 bilhões (R$ 11 bilhões) em dívidas e registrou, desde 2011, um prejuízo de US$ 1,7 bilhão.

Para resgatar a maior companhia aérea do país, o banco governamental de investimentos da Malásia, Khazanah Nasional, anunciou em agosto um grande plano de ajuste econômico que inclui um fundo de investimento de US$ 1,9 bilhão e o corte de um terço dos funcionários (de 20 mil para 14 mil empregados).

Khazanah, proprietária de 69,37% da companhia aérea, recebeu no início de novembro o sinal verde dos acionistas minoritários que concordaram em vender suas participações no final deste ano. EFE

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