Agência Efe: crônica de um quarto de século de história

  • Por Agencia EFE
  • 03/01/2014 16h39

Luis Sanz.

Madri, 3 jan (EFE).- Milhares de jornalistas da Agência Efe espalhados pelo mundo registraram, seja por texto, foto ou vídeo, uma versão do mundo com dois princípios fundamentais: contar apenas os fatos, e fazê-lo da maneira mais rápida possível.

Dizer que um veículo de comunicação que completa três quartos de século é testemunha dos principais fatos da história pode até parecer redundante, mas a verdade é que se trata de algo que faz todo o sentindo para a Efe.

Por vocação e por sua própria natureza, os jornalistas da agência estiveram neste tempo em quase todos os lugares, as vezes sozinhos, as vezes muito antes que os demais…

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DA CUECA AOS LIVROS DE HISTÓRIA

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Em todos estes anos se houve um acontecimento em que a Efe deixou de ser mera testemunha para ser protagonista, sem dúvida foi a tentativa de golpe de Estado em 23 de fevereiro de 1981, quando graças ao arrojo e profissionalismo de Manuel Barriopedro e Manuel Hernández de León, as fotos da agência foram capa de diversas publicações ao redor do mundo e passaram a figurar nos livros de história.

Quando um grupo de guardas civis comandados pelo tenente-coronel Antonio Tejero invadiu o plenário do Congresso, nenhum dos dois parou de disparar suas Nikkon F2 e depois precisaram de criatividade para burlar os rebeldes, que tentaram tomar os filmes com os registros feitos.

Depois do reconhecimento atingido, com prêmios nacionais e internacionais, como o “World Press Photo”, o sapato de Barriopedro e a cueca de Hernández de León, que viraram “esconderijo” para o material, entraram para a história do jornalismo mundial.

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UNIÃO PELO IDIOMA ESPANHOL

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Em meados da década de 60, a Agência Efe voltou seu olhar para o continente americano.

“O idioma nos une” foi um dos lemas utilizados pela agência na introdução dos serviços na América a partir de 2 de janeiro de 1966.

A língua comum e o trabalho de entusiasmados profissionais com a ideia de fazer da agência um grande veículo internacional, permitiram a Efe ganhar rapidamente um lugar de destaque no continente.

Além disso, informações exclusivas, como a da delegação da Argentina, que em 28 de julho de 1966 transmitiu: “Foi derrubado pela força o presidente da república, doutor Illía (Arturo Umberto Illia)”. Cinco minutos depois, a agência divulgava o nome do novo mandatário do país, o militar Juan Carlos Onganía.

Tudo isso, 90 minutos antes de qualquer outro veículo de comunicação internacional.

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A GRANDE AGÊNCIA IBERO-AMERICANA

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A Efe se consolidou como a primeira agência de notícias em espanhol e fez isso com uma dupla missão, de cobrir tudo o que acontece nos países da América espanhola e de seguir os passos dos principais personagens dos países desta região em qualquer parte do mundo.

Sua primazia no continente permitiu que a agência se situasse na quarta posição entre as maiores do mundo, em meio a cobertura de diversos eventos, inclusive os inesperados.

Um caso marcante é o do terremoto da Cidade do México de 19 de setembro de 1985, que deixou mais de 20 mil mortos, 40 mil feridos, além de 30 mil desabrigados ou desalojados, além de provocar corte nas comunicações na região.

Os jornalistas da Efe precisaram estabelecer contato com um jornal do norte do México, “El Porvenir de Monterrey”, para que os colegas transmitissem para Washington, e de lá para Madrid, as informações exclusivas de toda aquela tragédia.

O escritório da Efe na Cidade do México foi uma das primeiras sedes de veículo de comunicação a recuperar as comunicações por teletipo com o exterior, e ali trabalharam também jornalistas de outras agências, como Reuters, France Press e DPA.

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LIGADOS AO ESPORTE

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A Efe sempre se dedicou intensamente a cobertura de grandes eventos esportivos, especialmente aos que aconteceram na Espanha ou na América nas últimas décadas.

A primeira grande cobertura internacional, no entanto, foi a final Copa Davis de tênis, em dezembro de 1965, realizada em Sydney. Duelavam ali Austrália e Espanha, que pela primeira vez poderia conquistar o troféu da competição por equipes.

Os espanhois foram derrotados, mas a Efe obteve grande êxito ao transmitir mais de 100 mil palavras e 1.200 fotografias, tudo isso com um redator e um fotógrafo.

Depois vieram os Jogos Olímpicos da Cidade do México, em 1968, em que a Efe mergulhou de cabeça, já que se tratava dos primeiros realizados em um país de língua espanhola.

A partir daí, vieram grandes mudanças, incluindo os avanços tecnológicos, que alcançariam sua máxima expressão em Barcelona 92, mas que em geral, sempre fizeram parte do interesse da agência pelo esporte.

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ÁSIA, TERRITÓRIO ROVIRA

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Além da América, existe outro lugar do mundo que deu grande êxito noticioso à Efe, talvez onde menos se esperava, a Ásia. No continente, a agência está presente com correspondentes desde 1963 e escritório desde 1967.

O prêmio Casa Ásia, personificou em 2009, em Miguel F. Rovira, um dos jornalistas com mais experiência nesta região, o reconhecimento ao trabalho informativo da Efe na Ásia.

Em 1998, Rovira foi responsável por um dos maiores “furos” de reportagem da Efe. O jornalista foi o primeiro do Ocidente a ver o corpo de Pol Pot, líder da guerrilha dos khmeres vermelhos e presidente do Camboja entre 1975 e 1979.

“Estava procurando-o fazia 10 anos e o encontrei morto”, disse Rovira, ao receber o Prêmio Ortega y Gasset de jornalismo.

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A “GRADUAÇÃO” NA ESPANHA

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Em 1982 coincidiram três importantes eventos que puseram a toda prova a capacidade da agência para enfrentar grandes coberturas na Espanha.

Nas Copas do Mundo de futebol, a agência transmitia a cada 10 minutos informações sobre o desenvolvimento dos jogos em quais estavam envolvidas seleções do continente americano, um antecedente ao “tempo real” utilizado atualmente.

O êxito da cobertura das eleições gerais de outubro valeu, além do refletido nos índices de notícias publicadas, o reconhecimento dos assinantes e dos próprios partidos políticos, pela imparcialidade nas informações da agência, o que reforçou o selo de credibilidade da Efe.

Finalmente, a visita do papa João Paulo II à Espanha, seguida com grande interesse especialmente na América, teve cobertura com grande número de detalhes.

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O “DOUTORADO” NO GOLFO PÉRSICO

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Se 1982 foi o ano em que a Agência Efe “se formou” na Espanha, a cobertura informativa da Guerra do Golfo, entre 1990 e 1991, acabou sendo o acontecimento que valeu o “doutorado como grande agência de notícia internacional, além de meio de comunicação multimídia.

A redatores e fotógrafos, se uniram cinegrafistas e produtores de televisão, deslocados aos diferentes cenários do conflito. Todos trabalharam para todos os serviços e a Efe realizou a maior cobertura informativa fora da Espanha de sua história.

Ao todo foram mais de 18 mil peças informativas de todos os formatos, e um reconhecimento internacional sem precedentes.

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UMA AGÊNCIA MULTIMÍDIA

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O papel da Efe-Televisão na primeira Guerra do Golfo garantiu a consolidação deste departamento que, não só emprestou suporte técnico a outras televisões, mas viu como seus vídeos se tornaram a principal fonte de imagens que chegavam aos espanhóis.

A emissora “Telecinco”, por exemplo, fez toda sua cobertura do conflito através da EFE-Televisão.

Além da guerra, o peso da televisão crescia com imagens exclusivas, como as primeiras da queda de Nicolae Ceacescu, em dezembro de 1989, a primeira crônica televisiva que chegou à Espanha do golpe de estado na União Soviética, em agosto de 1991, ou as primeiras imagens do atentado de Aluche, em Madri, em outubro deste mesmo ano. EFE

lss/bg

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