Apenas problemas de estrutura causariam rompimento de barragens, diz especialista

  • Por Agência Estado
  • 06/11/2015 13h58
EFE Apenas problemas de estrutura causariam rompimento de barragens

Para especialistas, apenas problemas de estrutura podem ter causado o rompimento de duas barragens de rejeitos da mineração Samarco, uma joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais. É o que diz a professora de Engenharia de Minas Maria Luiza Souza, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “A barragem foi mal feita ou já estava com problema”, afirma. Segundo ela, precisa ter havido “alguma besteira” na construção ou na manutenção da contenção. Também não foram registradas fortes chuvas na região.

As barragens de rejeitos servem para deter os resquícios que sobram do beneficiamento do minério. O material beneficiado é vendido para a indústria, enquanto os rejeitos são depositados na barragem.

A construção de uma contenção como essa é mais simples do que a de uma hidrelétrica, por exemplo, porque geralmente a empresa se aproveita das condições do terreno. O fundo de um vale pode servir de base para a barragem, enquanto as montanhas ao redor fazem o papel de represa. Os próprios rejeitos também podem ser misturados com cimento para formar uma estrutura firme ao redor de onde se pretende jogar os restos de minério.

O rejeito do minério de ferro, usado em Mariana, parece uma lama fina. Ao longo dos anos, a tendência é que essas substâncias sequem. “Se a barragem ainda está com muita água, quando rompe ela desce como um rio de lama. Provoca assoreamento de rios, vem varrendo tudo pela frente”, explica Maria Luiza. “Se a lama está saturada de água, fica sem resistência nenhuma. Por ser um solo muito fino, isso vira um caudal (grande fluxo de lama)”, explica

A professora afirma que o rejeito de minério de ferro não oferece perigo à saúde porque não contém metais pesados nem componentes ativos que fazem mal. O maior perigo é assorear os rios da região e prejudicar o abastecimento de água.

Vale

Em nota à imprensa, a Vale informou que, como acionista da Samarco juntamente com a BHP Billiton, “lamenta profundamente o grave acidente” nas barragens de rejeitos nos municípios de Mariana e Ouro Preto.

Segundo a nota, a Vale vem oferecendo total apoio e assistência às equipes da empresa e às autoridades locais que estão trabalhando na localidade, desde o acionamento imediato do plano emergencial da Samarco, para garantir a integridade das pessoas e do meio ambiente.

Murilo Ferreira, presidente da Vale, disse que não serão medidos esforços para prestar todo o apoio necessário à Samarco e às autoridades “neste triste momento para os empregados, seus familiares e as comunidades vizinhas”.

“Gostaríamos de expressar nossa solidariedade a todos os atingidos por este lamentável acidente nas barragens de rejeitos da Samarco em Minas Gerais”, declarou Ferreira.

Ainda na nota, a empresa diz que a Samarco seguirá centralizando a comunicação das informações de forma transparente e contará com o empenho irrestrito da Vale tanto neste momento quanto na apuração das causas do acidente.

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