Ativistas pró-Rússia ocupam sedes de órgãos estatais no leste da Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 06/04/2014 14h04

Kiev, 6 abr (EFE).- Manifestantes pró-Rússia tomaram neste domingo as sedes de várias instituições estatais no leste da Ucrânia em protesto contra a gestão das novas autoridades que derrubaram em fevereiro passado ao presidente ucraniano, Viktor Yanukovich.

Um grupo de ativistas ocupou a sede da administração da região de Donetsk, içou bandeiras russas sobre o edifício e pendurou no edifício cartazes do movimento separatista “República de Donetsk”.

Segundo a imprensa local, centenas de manifestantes cercaram o prédio entoando gritos como “Crimeia! Rússia! Donbass! (região mineradora do sudeste da Ucrânia)”, enquanto a polícia trouxe à região um canhão de água.

Nos megafones, os separatistas exigiram uma sessão extraordinária da administração local para convocar um referendo para a adesão de Donetsk à Rússia.

Caso não sejam atendidos, ameaçaram dissolver a administração e escolher novos deputados que representem todos os setores políticos da região.

A tomada da sede administrativa, terceira do mês, aconteceu após uma manifestação pró-russa na região, estado ou região de origem do deposto presidente Viktor Yanukovich.

Segundo testemunhos, a polícia fez um corredor para os ativistas, cedendo a suas pressões, para permitir que chegassem de forma ordenada ao edifício.

Após a ocupação da administração, as autoridades abriram uma causa penal.

“Iniciamos a investigação sobre as desordens públicas. Estão sendo definidos os participantes mais ativos e os autores do ataque”, afirma um comunicado da Procuradoria-Geral da região de Donetsk divulgado pela imprensa local.

Paralelamente, segundo várias informações na imprensa ucraniana, na cidade de Lugansk (leste da Ucrânia), um grupo de ativistas pró-Rússia tomaram a sede do Serviço de Segurança da Ucrânia.

Os ativistas, muitos deles mascarados, exigiram a libertação de seis companheiros, entre eles, Alexander Jaritónov, detido por participar dos protestos contra as novas autoridades.

Nas negociações com os manifestantes estiveram presentes o governador da região, Mikhail Bolótskij, e o chefe da polícia local, Vladimir Guslavski.

Esse último foi, por fim, à prisão onde estavam recrutados os ativistas e os libertou – aparentemente sem a ordem judicial necessária – para entregá-los a seus partidários sob gritos de alegria e aplausos.

Nos confrontos de Lugansk, duas pessoas ficaram feridas: uma mulher foi hospitalizada com contusões na cabeça e um policial foi levado do edifício de maca até uma ambulância.

Além disso, na cidade de Carcóvia (nordeste do país), houve enfrentamentos locais entre os simpatizantes com as novas autoridades e as forças pró-Rússia.

Segundo os testemunhos, recolhidos pela agência Unian, centenas de separatistas enfurecidos atacaram a um grupo dos partidários do Maidan, o principal cenário da recente revolução ucraniana.

A polícia interveio e isolou cerca de dez pessoas no centro da cidade, segunda maior da Ucrânia, para protegê-los da agressão de seus “oponentes políticos”.

Após quase uma hora e meia de tensão os agentes de ordem pública conseguiram evacuar aos ativistas pró-Ocidente, alguns deles, brutalmente agredidos.

Essa não é a primeira vez que ativistas pró-Rússia tomam sedes de instituições estatais em Donetsk e outras cidades no leste da Ucrânia, onde ainda são fortes os ânimos pró-Rússia, o que gera temo nas autoridades ucranianas sobre a possibilidade da repetição do cenário da Crimeia.

A península da Crimeia foi anexada por Moscou, o que foi ratificado em referendo em 16 de março, sob o argumento que sua população, majoritariamente russa, é ameaçada por forças radicais ultranacionalistas, braço armado da recente revolução ucraniana.

Vários comícios pró-Rússia aconteceram hoje no leste da Ucrânia e cujos participantes exigem a cassação das novas autoridades ucranianas, que chegaram ao poder após derrubar Yanukovich, refugiado agora na Rússia. EFE

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