Atrito por execução de brasileiro na Indonésia é falta de perspectiva, diz especialista
Nesta semana houve protesto também nas Filipinas. Uma nativa está entre os presos que serão executados.
protesto filipinas pena de morteO paranaense Rodrigo Gularte foi notificado neste sábado (25) que poderá ser executado por fuzilamento na próxima terça-feira (28). Ele tem 42 anos e foi condenado à pena de morte por tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidas dentro de uma prancha de surfe em 2005. O governo brasileiro tenta recorrer, mas sem resultado.
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, a Dra. Cristina Pecequilo, professora do curso de Relações Internacionais da Unifesp, explica que esse protesto do Brasil “faz parte do jogo diplomático”: “essa conjuntura é tradicional na relação da Indonésia com outros países do mundo. Faz parte da diplomacia de todos os governos envolvidos, incluindo o brasileiro, pedir clemência, visto que muitos desses países não têm pena de morte”. Além de Rodrigo, serão executadas pessoas de países como Filipinas, França, Inglaterra, Austrália, Nigéria e Espanha.
Para Cristina, a contestação das leis da Indonésia é falta de perspectiva por parte das outras nações. “Existem diferenças de regras entre países e isso vale não só para justiça, mas até para práticas culturais que se condenam no âmbito dos direitos humanos universais”, analisa, “me parece que a Indonésia está reproduzindo o comportamento dos outros estados do sistema internacional, que é garantir a sua lei interna e garantir a rigidez de certos procedimentos”.
Quanto ao posicionamento brasileiro, a professora avalia que “o que o Itamaraty está fazendo é seguir o posicionamento da presidente Dilma, que é condenar a pena de morte e outras questões relativas ao abuso de direitos humanos”.
De acordo com a professora, o atrito que resulta desse desentendimento dura pouco e não pode abalar em profundidade a relação entre os países. “No curto prazo você tem uma troca de farpas nas duas diplomacias, ameaça bilateral de um cortar investimento do outro, ou compras, mas no médio e longo prazo as coisas tendem a se acomodar”, e completa, “são questões importantes, mas que não podem prejudicar a relação dos estados de uma maneira mais abrangente envolvendo comércio e estratégia”.
Em fevereiro deste ano outro brasileiro foi executado no país por tráfico de drogas. Como protesto, a presidente Dilma não entregou a credencial ao diplomata indonésio em cerimônia oficial.
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