BID promove diálogo com setor privado sobre futuro da América Latina

  • Por Agencia EFE
  • 28/03/2014 17h03

Julio César Rivas.

Costa do Sauípe (Brasil), 28 mar (EFE).- O segundo dia da 55ª Assembleia Anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que acontece na Bahia, enfocou o papel do setor privado para o desenvolvimento da região e as sinergias com a instituição continental.

O BID se encontra em plenário processo de reestruturação de sua área de serviços ao setor privado para atender melhor à nova realidade sócio-econômica da América Latina e o Caribe, que após anos de bonança econômica conseguiu reduzir de forma significativa seus níveis de pobreza e criar uma nova classe média.

Por isso, a instituição que preside o colombiano Luis Alberto Moreno organizou na segunda jornada de sua assembleia anual uma série de seminários para se envolver com empresários, empreendedores e inovadores da região na análise do futuro dos países latino-americanos e caribenhos.

O objetivo, segundo Moreno hoje durante a abertura da jornada, é ir “um pouco além da conjuntura e pensar no futuro”.

A conjuntura da região começará a ser analisada amanhã, sábado, quando os governadores do BID, os ministros de Finanças e governadores de bancos centrais dos 48 países-membros, se reunirão a portas fechadas.

A reunião dos governadores durará até domingo, dia 30, quando concluirá a assembleia deste ano com a publicação do relatório macroeconômico da região.

Não se esperam grandes surpresas no relatório. Moreno declarou ontem à Efe que os países latino-americanos enfrentam “um entorno de menor crescimento”, com taxas de juros que vão a ir subindo gradualmente, “o que terá um efeito sobre as moedas, sobre as taxas de câmbio de nossos países e sobre nossa capacidade de comércio”.

Hoje, o economista-chefe do BID, José Juan Ruiz, em declaração à Efe antecipou que a América Latina crescerá este ano em torno de 3% e que, nos próximos anos, esse número progressivamente subirá.

Ruiz também disse que a região está mais bem preparada que na década de 80 e na década de 90 para enfrentar os desafios que pode provocar uma retirada antecipada de estímulo econômico nos Estados Unidos e a possível elevação das taxas de juros.

Mas até que os governadores se reúnam no sábado e domingo para analisar essa situação, Moreno disse hoje que é preciso “olhar onde vai estar a região em 2025, que são apenas 12 anos”.

Para então, explicou Moreno, “com as projeções moderadas que se têm agora, vai ser quase do tamanho da economia americana”.

Para entender melhor as aspirações dos latino-americanos, o BID revelou hoje os resultados de uma megapesquisa divulgada hoje pelo BID após consultar 5 mil pessoas de algumas das maiores metrópoles da região (Bogotá, Buenos Aires, Cidade do México, Lima e São Paulo que acumulam 70,5 milhões de pessoas).

A pesquisa revelou que a insegurança e a falta de transparência nas decisões das autoridades são as maiores preocupações dos moradores das maiores cidades latino-americanas.

Outro desafio da região, segundo os especialistas que participaram hoje nas sessões do BID na Costa do Sauípe, é o aproveitamento do potencial feminino da região, especialmente pelo setor financeiro.

O BID apresentou diferentes estatísticas que destacam a mulher como o mercado mais importante do mundo hoje e advertiu que, na América Latina, o potencial é ainda maior, porque é uma das regiões em que o público feminino menos tem contas bancárias.

“A metade da população não pode ser considerada um nicho de mercado, mas um mercado com grande potencial”, afirmou Gema Sacristán, chefe da Divisão de Mercados Financeiros do BID.

Também hoje, BID lançou o ConnectAmericas, uma inovadora ferramenta com o objetivo de ajudar as pequenas e médias empresas da região a se globalizarem.

O BID definiu o ConnectAmericas como um misto de Facebook e LinkedIn voltado a pequenas e médias empresas às quais será oferecida, gratuitamente, informação para sua internacionalização, contatos com outras empresas por setores e com instituições financeiras – tudo através do portal ConnectAmericas.com.

Fabrizio Opertti, coordenador Comércio e Integração no BID e responsável pelo projeto, disse à Efe que o ConnectAmericas é um projeto único e inovador não apenas no continente americano, mas em todo o mundo, que pode promover a globalização nas pequenas e médias empresas latino-americanas e do Caribe.

Por sua vez, o gerente do Setor Social do BID, Héctor Salazar Sánchez, apoiou o uso de parcerias público-privadas na região para buscar resultados e eficácia.

“Nesse tipo de parceria, o setor público e o privado se unem para comprar resultados”, opinou Salazar Sánchez. EFE

jcr/tr

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