‘A Lava Jato melhorou a política, mas tomou caminhos que flertaram com a extralegalidade’, diz Marun

  • Por Jovem Pan
  • 27/12/2018 16h05 - Atualizado em 27/12/2018 16h06
Andre Dusek/Estadão Conteúdo Carlos Marun chefia a Secretaria de Governo

“A Lava Jato melhorou a política, mas é sabido que ela tomou muitos caminhos que flertaram com a extralegalidade”, afirmou nesta quinta-feira (27) o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. Em conversa com jornalistas, ele criticou algumas práticas aplicadas pela operação, que deteve nomes como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre as críticas do ministro estão decretação de prisões preventivas com o que seria um objetivo para obter delações e a execução de penas de detenção em segunda instância – quando ainda não há conclusão dos processos. “Ou o Brasil caminha para uma reintrodução plena do Estado de Direito ou se caminha para a radicalização do Estado de exceção.”

Para Marun, o fato de Lula ter liderado pesquisas de intenção de voto na pré-campanha deste ano mostrou que a população “não quer continuar com essa guerra”. O petista está preso em Curitiba (PR) desde abril. Condenado pelo ex-juiz e futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, a sentença foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

“O símbolo da Lava Jato está na cadeia e continua líder das pesquisas, inclusive crescendo na intenção de voto [para presidente]. Mas dizer que a população quer continuar aquela guerra, eu não sei. Não sei se a população quer isso. Acho que guerra começa e termina”, afirmou Marun. Ele ainda disse não saber se o ex-presidente deveria continuar preso.

“Ele [Lula] não podia ser candidato. Eu nem sei se o Lula devia estar preso. Eu, como sou pelo ‘livrinho’ [Constituição], leio lá sobre trânsito em julgado e acho que o trânsito em julgado ainda não aconteceu para o Lula.” O caso em que o petista foi julgado e condenado, relativo ao triplex do Guarujá (SP), ainda não chegou à última instância de recursos.

Temer

O ministro da Secretaria de Governo, também declarou que o inquérito dos portos “virou uma tentativa de perseguição” contra o presidente Michel Temer. “A denúncia é pífia”, criticou. No dia 19, a Procuradoria-Geral da República acusou o emedebista que chefia o Poder Executivo de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A ação assinada por Raquel Dodge apura se um decreto editado por Temer em 2017 teria favorecido empresas do setor portuário em troca de benefícios financeiros. “Nada existe nesse decreto que possa sequer sugerir um benefício da empresa que está sendo acusada de pagar propina”, afirmou Marun, em conversa com jornalistas.

Na opinião do ministro, as denúncias apresentadas com o chefe deveriam ter sido “devidamente investigadas”, já que “nada há contra ele”. Para Marun, Para ele, não existem elementos comprobatórios suficientes nas três denúncias que foram apresentadas contra o presidente que em 1º de janeiro passa a faixa do cargo a Jair Bolsonaro.

Arrependimento

Na conversa com a imprensa, o ministro também comentou que o MDB, seu partido, deveria ter lançado alguém com perfil combativo e que fizesse a defesa do governo Temer nas eleições presidenciais deste ano. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles foi quem representou o partido e teve um resultado inexpressivo. Durante a campanha, Meirelles acenou aos eleitores de Lula, em um sinal de que avaliava que poderiam eventualmente migrar para ele – já que foi ministro do ex-presidente.

“Eu me arrependo de não ter saído como candidato à presidência. Foi uma eleição da verdade. Quem ficou de ‘nhenhenhém’, ficou de fora”, disse. De acordo com ele, seu nome chegou a ser levado a Temer por um grupo de parlamentares, mas, o presidente teria dito que precisava de Marun no governo. “Acho que o presidente não queria confusão também.”

Questionado sobre como faria para bancar sua campanha, já que Meirelles se viabilizou justamente por usar dinheiro próprio no pleito, Marun falou que poderia ter feito uma campanha barata via redes sociais. “A questão financeira era primordial, mas não ia quebrar o fundo partidário se dessem R$ 2 milhões ou R$ 3 milhões para a campanha”, indicou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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