Almirante Eduardo Leal Ferreira é indicado para chefiar Conselho de Administração da Petrobras

  • Por Jovem Pan
  • 15/01/2019 11h27
Divulgação/Marinha Desde o período de ditadura, os militares não tinham posição de tanto destaque na estatal

Os militares voltaram ao comando da Petrobras, com a indicação do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira para a presidência do conselho de administração, posto máximo de gestão da empresa. Desde o período de ditadura, os militares não tinham posição de tanto destaque na estatal.

Além dele, foram indicados o geólogo John Forman e o economista João Cox para ocupar os assentos deixados por três membros que renunciaram aos cargos após o governo demonstrar intenção de renovar o colegiado. Eles vão começar a trabalhar apenas depois que seus nomes passarem pelo crivo dos acionistas, em assembleia geral, que deve acontecer ainda neste mês.

Ferreira é almirante de Esquadra e foi comandante da Marinha até janeiro de 2018. Em fato relevante divulgado ao mercado, a Petrobras destacou a qualificação de nível superior que o militar recebeu nas escolas de guerra naval do Brasil, Chile e Annapolis, nos Estados Unidos. “Leal Ferreira foi treinado e teve suas capacidades de liderança, gestão e visão estratégica testadas e aperfeiçoadas ao longo de muitos anos de experiência”, ressaltou a empresa.

Durante o período de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro chegou a avaliar um nome militar para comandar a empresa. Como principal empresa do setor de petróleo nacional, a Petrobras foi tema de debate de diferentes grupos de trabalho criados para planejar o novo governo, entre eles, o de infraestrutura, comandado pelos militares. Ao mesmo tempo, pela sua capacidade de geração de emprego e renda, esteve no foco dos assessores econômicos, como do atual ministro de Economia, Paulo Guedes.

A última vez que um representante das Forças Armadas sentou no conselho da Petrobras foi durante os governos petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que nomearam o general Francisco Roberto de Albuquerque. Mas, desde que a empresa entrou em crise, o foco da administração da empresa passou a ser a recuperação do caixa e o colegiado passou a ser ocupado por especialistas no setor e em economia.

Mudanças. Desde o fim do ano passado, ainda na transição do governo, no entanto, novas mudanças no conselho da petroleira estão sendo costuradas. O geólogo John Forman conta que recebeu uma ligação em dezembro do atual ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sondando seu interesse em ocupar um assento.

Acadêmico pela UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o geólogo, que hoje é consultor, atribuiu a indicação à sua experiência na administração direta e em órgãos de governo. Ele contou que conhece o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, “mas não profundamente”.

Já Cox é reconhecido pela sua atuação na iniciativa privada, principalmente no setor de telecomunicações. O executivo foi presidente das telefônicas Telemig Celular e Claro e lidera o conselho de administração da Tim.

As alterações na instância máxima de gestão da estatal geraram resistência entre conselheiros que ocupavam o cargo antes da eleição de Bolsonaro e que teriam mandato até 2020. Três deles renunciaram após receberem a sinalização do governo para que deixassem a empresa para abrir espaço a um novo perfil de profissionais.

Ao Estado/Broadcast, Castello Branco afirmou na última sexta-feira, 11, que a intenção é mudar o perfil do conselho para que tenha “mais representantes com visão estratégica do que a Petrobras precisa”. “Um ciclo se encerrou e iniciamos uma nova era”, complementou. A ideia é acelerar o programa de venda de ativos e focar ainda mais no pré-sal.

Assim que o novo governo assumiu a estatal, Nelson Carvalho e Petros Papathanasiadis renunciaram aos cargos de membro do conselho. Ontem ainda foi anunciada a saída de Durval Soledade. O governo já demonstrou intenção de substituir o professor da Coppe/UFRJ Segen Estefen, mas, para isso, ele próprio deve demonstrar vontade de deixar o cargo ou ser destituído pelos acionistas em assembleia. Os outros três conselheiros, com perfil mais alinhado com o do governo, deverão ser mantidos.

*Com Estadão Conteúdo

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