André Miceli: pais devem redobrar atenção, mas não privar o acesso de crianças aos dispositivos digitais

  • Por Jovem Pan
  • 05/06/2018 17h04 - Atualizado em 05/06/2018 18h20
Freeimages Pelo menos 80% das crianças dizem usar a internet sem supervisão ativa dos pais o tempo inteiro

Os smartphones já fazem parte da vida das pessoas há algumas décadas. Muitas vezes, em meio à nossa vida atribulada, o dispositivo acaba se tornando uma maneira eficaz (e rápida) de distração para os pequenos. Que atire a primeira pedra quem nunca deixou o tablet nas mãos dos filhos durante aquela viagem longa e cansativa. Pois saiba que isso pode trazer alguns problemas comportamentais às crianças.

De acordo com o especialista em sociedade digital da Jovem Pan, André Miceli, o uso contínuo é extremamente nocivo, principalmente em relação ao desenvolvimento hormonal. “Em função da proximidade que a tela fica das crianças mais novas, a quantidade de Endorfina liberada é próxima a do ato sexual e de atividades de esforço físico, atos que viciam. As crianças se viciam também em interfaces. Quanto mais se usa, mais ela pede para usar e a tendência é que se torne um ciclo vicioso”, explica.

Miceli diz ser “mito” o fato de que as gerações mais novas conseguem fazer mais de coisa ao mesmo tempo. “Na prática não é isso. Ao inserir esses recursos na vida delas mais cedo, elas acabam tendo uma propensão maior ao uso. Por aprender mais cedo elas lidam com mais naturalidade.  Na prática cominuamos unitarefas e não multitarefas”, diz.

O especialista salienta que 80% das crianças dizem usar a internet sem supervisão ativa dos pais o tempo inteiro, enquanto que 20% não têm nenhuma supervisão. “É bem a percepção da ‘chupeta eletrônica’. O pai deixa a criança com um dispositivo ‘conectado’ para viver mais tranquilo. Mas tranquilo no curtíssimo prazo porque no longo prazo, certamente, essa fatura chega”, esclarece.

Acesso vigiado
Um dos grandes problemas é o acesso a sites de conteúdo proibido, André Miceli reafirma que os pais podem utilizar aplicativos para restringir o acesso a determinado tipo de conteúdo tampouco trocar fotos. “Mais de 50% das crianças relatam terem sido vitimas de bullying, mas só 10% conversam sobre isso com seus pais. Com pedofilia os números não são diferentes”, afirmou.

André Miceli alerta que os pais também devem redobrar a atenção com a segurança de seus dados bancários, uma vez que a criança pode realizar compras online. “A criação que tem a percepção de cuidado dos pais tendem a agir de uma maneira mais correta e se comportar de uma maneira mais segura”

No entanto, não há como negar a importância dos meios eletrônicos na aprendizagem. O especialista em sociedade digital destaca que não seria justo privar o acesso a esse “mundo cheio de coisas legais”. Por isso, o equilíbrio é fundamental e recomenda “A internet é uma fonte de entretenimento nas primeiras etapas da vida e de conhecimento logo depois, mas a educação é uma tarefa familiar. Os pais são responsáveis e devem educar os filhos no sentido de que esse conhecimento seja adquirido minimizando os riscos do lado negativo”, afirma.

*Com informações do repórter Matheus Meirelles

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