Apenas 37% das vagas em Tecnologia da Informação são ocupadas por mulheres

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2019 17h03 - Atualizado em 12/05/2019 17h15
Marcos Santos/USP Imagens Ainda é baixa a participação feminina em áreas que são tradicionalmente dominadas por homens

As projeções da Associação Brasileira em Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), que publicou relatório com os dados da área nesta semana, indicam desigualdades nesse mercado de trabalho.

Das 845 mil vagas no setor de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), 63% são ocupadas por homens e 37% por mulheres. A proporção contrasta com a da população brasileira, com 51% de mulheres e 49% de homens. A diferença vem se mantendo nos últimos quatro anos.

Na distribuição por função, as diferenças são perceptíveis. Nas atividades administrativas de atendimento e de recursos humanos, as mulheres representam 65%, contra 35% dos homens. Também nas finanças elas são maioria (57,2% a 42,8%). Já nas funções técnicas, a proporção se inverte, com 76% das vagas ocupadas por homens e 24% por mulheres. Nas posições de diretoria e gerência, a disparidade também aparece (65% contra 35%).

Na distribuição por cor e raça, 57,7% são brancos, 26% são pardos, 11,2% não declararam cor e raça, 3,8% são pretos, 1,1% são asiáticos e 0,1, indígenas. Na evolução dos últimos quatro anos, a proporção de pretos, pardos e indígenas se manteve praticamente estável, saindo de 29% para 30%.

A linguista com atuação na área de tecnologia Glória Celeste aponta entre os motivos da desigualdade de gênero os obstáculos que mulheres vivenciam ao longo de sua trajetória de vida no tocante a essas áreas. Ela se graduou técnica em eletrônica no então Centro de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (Cefet-RJ) e entrou no curso de física da Universidade Federal do estado (UFRJ). Mas decidiu não continuar no curso em razão das práticas machistas.

“Ouvi em sala de aula de um professor: ´nem adianta mulher se candidatar para bolsista minha, porque engravida, e aí já viu´. Que pessoa vai prosseguir numa carreira ouvindo isso no 1º semestre?”, indaga. O tratamento diferenciado, acrescenta Celeste, aparece também nas soluções de emprego. “Por que numa seleção um homem pode falar que tem quatro filhos e uma mulher se disser que tem um o responsável pergunta como a ela vai fazer com filho doente?”

Expectativas para o setor

O setor de TICs empregava 845 mil pessoas em 2018. Mas nos próximos anos, o deficit de trabalhadores deve chegar a 162 mil vagas. A expectativa da Brasscom é que o setor demande 420 mil vagas entre 2018 e 2024. Contudo, a projeção é que as instituições de ensino superior formem 258 mil pessoas nessas carreiras até 2014 (46 mil por ano).

*Com Agência Brasil 

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