Avessa a entrevistas, Marisa Letícia participava ativamente da política do PT

  • Por Jovem Pan
  • 02/02/2017 21h31
Ricardo Stuckert/Agência Brasil Marisa Letícia e Lula - Ag Brasil

O corpo de Marisa Letícia Lula da Silva deve ser velado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos dos ABC, em São Bernardo do Campo. Segundo amigos e familiares, a escolha é, também, simbólica. No mesmo local Dona Marisa conheceu Lula na década de 70.

A morte da ex-primeira-dama chegou em São Bernardo do Campo pela imprensa na manhã desta quinta-feira e pegou a amiga, Divina Maria Duarte, de sopetão. “Ao vivo, pela televisão (recebeu a notícia)”, disse aos prantos.

Divina tem um restaurante frequentado pela família. Se conheciam há mais de 50 anos. Eram amigas antes mesmo do primeiro casamento de Marisa Letícia Rocco Casa com um taxista, que morreu assassinado.

Marisa vem de um berço tradicional da cidade do ABC Paulista, que ganhou visibilidade com a fundação do PT e a ascensão de Lula à presidência, em 2002.

No documentário Entretatos, de João Moreira Salles, sobre os bastidores da campanha presidencial, o então candidato provoca Dona Marisa contando que a conquistou graças a um Volkswagem TL.

Dona Marisa era avessa a entrevistas, mas participava ativamente da vida política do Partido dos Trabalhadores desde primeira bandeira. Em 2010, pediu votos ao lado do candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante em uma favela da capital paulista.

Um dos registros mais recentes de Marisa não veio de uma entrevista. Mas de um grampo da Polícia Federal após protestos contra um programa do PT veiculado na televisão. Ela falava com o filho, Fábio, e demonstrava muita irritação.

A ex-primeira-dama sabia havia alguns anos da existência do aneurisma, uma dilatação anormal de uma artéria. Mas como era pequeno, optou-se por não operá-lo.Foi ele que provocou o acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico no último dia 24. O amigo Juno Rodrigues Silva, o Gijo, viu Marisa pela última vez na véspera de natal, na casa de Lula.

Mãe de quatro filhos Dona Marisa virou, em 2016, ré em duas ações na Operação Lava Jato por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em contratos firmados entre a Petrobras e a Odebrecht envolvendo a reforma de um apartamento triplex no Guarujá. Mas absteve-se de fazer comentários públicos. A defesa nega que ela tenha cometido ilegalidades.

À sua amiga, a ex-primeira-dama admitiu que o estresse político não estava fazendo bem pra sua saúde. Sua pressão arterial andava muita alta. Nesta semana, Divina, que é dona de restaurante, bateu boca e pediu para um cliente se retirar após ele desejar que a esposa do Lula morresse.

Nas redes sociais, Lula agradeceu as manifestações de carinho e solidariedade e informou que autorizou os procedimentos preparativos para a doação dos órgãos.

A ex-presidente Dilma Rousseff e outras lideranças políticas, como Fernando Henrique Cardoso, também lamentaram a morte de Dona Marisa, que deve ser enterrada em São bernardo, no túmulo da família, berço do PT.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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