Bolsonaro diz que não quer romper com Argentina caso Fernández seja eleito

Presidente disse, no entanto, que candidato falou que quer rever o Mercosul

  • Por Jovem Pan
  • 12/08/2019 21h22
Marcos Corrêa/Presidência da República Bolsonaro afirmou que relação entre os países deve ser "conflituosa" se ele for eleito

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta segunda-feira (12), que não quer romper unilateralmente com a Argentina caso Alberto Fernández ganhe a eleição, mas voltou a fazer críticas ao cabeça da chapa na qual a ex-presidente Cristina Kirchner é vice. Bolsonaro disse que Fernández já deu “sinais” de que pode rever a participação da Argentina no Mercosul e a relação entre os países deve ser “conflituosa” se ele for eleito.

“A gente vai ver como é que fica a situação. Ninguém quer… eu não quero romper unilateralmente, mas ele mesmo, o candidato cujo partido ganhou as prévias, falou que quer rever o Mercosul. Esse é o primeiro sinalizador de que vai ser uma situação bastante conflituosa”, disse Bolsonaro após chegar ao Palácio da Alvorada. O presidente falou com jornalistas ao retornar do Rio Grande do Sul.

“Se eu não me engano, ele [Fernández] esteve em Curitiba visitando o [ex-presidente] Lula também. Quer dizer, [ele] está dando sinalizações mais do que precisas, concretas, de que não quer se alinhar com aquilo que no momento nos alinhamos com Macri, com Maríto [Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai] e com o presidente do Uruguai”, avaliou Bolsonaro.

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Os mais de 15 pontos de vantagem obtidos por Fernández sobre o presidente Mauricio Macri na eleição primária da Argentina, no último final de semana, o colocaram em vantagem expressiva até a votação geral em outubro.

Questionado se pretende “ajudar” Macri de alguma forma, Bolsonaro respondeu que não se trata disso. “Não é ajudar o Macri ou não ajudar. Você pode ver, o próprio dólar, acho que subiu 10% se não me engano. Os juros também foram lá para cima. O sinalizador está ai. Em um país com esses números a tendência é o quê? Se transformar em uma nova Venezuela. E nós não queremos o mal para nossos irmãos aqui no Sul”, declarou.

Ele reforçou que “mais do que nunca o Brasil quer integração e prosperidade com a Argentina”. “Se realmente for essa política de Cristina Kirchner, mesmo como vice (na chapa de Fernández), ligada ao Foro de São Paulo, ligada a (Hugo) Chávez no passado, a (Nicolás) Maduro, a Fidel Castro que se foi, ligado ao que há de pior aqui na América Latina, a tendência é desgraça e caos.”

Bolsonaro voltou a dizer que a eventual eleição da chapa de Fernández e Kirchner poderia levar a um “problema de entrada de argentinos no Brasil como vem acontecendo na Venezuela”.

Em julho, Fernández visitou Lula na prisão e disse que a prisão do ex-presidente “é uma mancha para o Brasil”. O candidato também não descartou revisar o acordo assinado entre o Mercosul e a União Europeia.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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