Brasil é 8º país com maior quantidade de mortes de jornalistas no ano

  • Por Jovem Pan
  • 18/12/2018 12h00
Fábio Motta/Estadão Conteúdo Aumentou o número dos profissionais que morreram cumprindo a missão de informar

Oitavo país com maior número de assassinatos de jornalistas no mundo, o Brasil teve quatro mortes neste ano, até o momento. No ano marcado por eleições gerais, o País tem o mesmo total de casos de Filipinas. Os dados foram levantados pela Press Emblem Campaign, sediada na Suíça, e divulgados na segunda-feira (17)

As estatísticas consideram a quantidade de profissionais que morreram em função do trabalho de imprensa. No total, foram registrados 113 jornalistas no mundo, em 2018. O total é 14% maior do que o registrado ano passado. Afeganistão e México lideram o ranking, com 17 homicídios cada um. Na Síria, foram 11 casos.

A lista ainda mostra um empate de Iêmen e Índia, com oito mortes. Seis mortes ocorridas em atentado ao jornal Capital Gazette, em junho deste ano, colocam os Estados Unidos na posição seguinte. Entre as maiores taxas de vítimas mortas por trabalharem na imprensa aparece ainda o Paquistão, com cinco assassinatos neste ano.

Brasil

Os quatro jornalistas assassinados no Brasil foram Ueliton Bayer Brizon (Jornal de Rondônia) e Jefferson Pureza (Rádio Beija Rio FM, de Goiás), em janeiro; Jairo Souza (Rádio Pérola, do Pará), em junho; e Marlon Carvalho (Rádios Gazeta e Jacuipe, da Bahia), em agosto. A Press Emblem Campaign considerou que eles foram mortos por serem da imprensa.

Essa inclusão do Brasil no ranking não é uma novidade. O País ainda aparece entre os nove lugares mais perigosos para praticar o jornalismo nos últimos cinco anos. De 2014 a 2018, foram somados 22 homicídios. Esse índice coloca o Brasil ao lado da Somália e não muito distante do Iêmen, que teve 29 casos no mesmo período.

Repúdio

O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Daniel Bramatti, afirma que as mortes de jornalistas no Brasil ocorrem com frequência em cidades pequenas, onde há disputa por recursos escassos e os profissionais acabam se tornando alvo de criminosos após denunciarem desvios de dinheiro.

“Esses crimes se inserem no contexto da violência política. Mas ninguém deve ser morto em razão do que fala ou escreve. Nossa meta é acabar com a impunidade e zerar essa contagem”, diz. Ele indica que, como no caso do assassinato de Tim Lopes, as autoridades precisam ser pressionadas para investigar e prender os responsáveis.

Presidente da Associação Nacional de Jornais, Marcelo Rech afirma que as estatísticas mancham a imagem do País e representam o “pouco caso que é conferido à violência contra jornalistas, comunicadores e veículos de comunicação”. “É assustador que, em pleno século 21, procure-se restringir a liberdade de expressão e mais ainda pela violência.”

Segundo Rech, o respeito à integridade dos jornalistas e à imprensa livre é uma condição obrigatória da civilização e das democracias. “Esse número só será revertido com a efetiva identificação e punição dos responsáveis, com o repúdio generalizado à violência, a começar pelas autoridades públicas”, finalizou.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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