Brumadinho: seis meses depois de tragédia, trabalho dos bombeiros fica mais difícil

Em algumas áreas, escavações precisam atingir até 17 metros de profundidade, o mesmo que prédio de sete andares

  • Por Jovem Pan
  • 25/07/2019 20h27
Cadu Rolim/Estadão Conteúdo Bombeiro trabalha em Brumadinho Último levantamento da Defesa Civil, divulgado em 6 de julho, relata 248 mortos e 22 desaparecidos no rompimento da represa da Vale

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais anunciou, nesta quinta (25), que os trabalhos de buscas e identificação dos corpos que estão na área atingida pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, são cada vez mais difíceis.

Seis meses depois do rompimento da represa, as escavações em meio à lama de rejeitos podem atingir até 17 metros de profundidade, o que equivale a um prédio de sete andares.

O último levantamento da Defesa Civil, divulgado em 6 de julho, relata 248 mortos e 22 desaparecidos. Na data foi oficializada a identificação mais recente de vítima da tragédia. “A decomposição vai acontecendo e os segmentos ficam cada vez menores. O trabalho fica difícil não só para os bombeiros mas também para a Polícia Civil, para identificação”, afirma o comandante do Corpo de Bombeiros do estado, Edgard Estevo.

Desde os início das buscas, em 25 de janeiro, quando a barragem rompeu, os bombeiros afirmam não haver prazo para retirada das equipes da área atingida pela lama. “Os trabalhos da corporação permanecem enquanto estivermos buscando por todas as vítimas”, diz Estevo, em entrevista realizada nesta tarde em Brumadinho.

O comandante dos bombeiros informou que, até o momento, foram entregues para identificação da Polícia Civil 713 casos, que são corpos e segmentos corpóreos. Do total, 128 ainda não foram identificados. “O trabalho continua dentro de estratégia tática e de inteligência. Nós removemos aproximadamente menos de 20% de todo o rejeito e encontramos 92% dos desaparecidos”.

Na atual fase de buscas, conforme o comandante da corporação, é necessária a utilização em maior escala de máquinas com apoio de cães farejadores. “O terreno muda. No início havia um terreno liquefeito. Era necessário arrastar. Os bombeiros não andavam nem nadavam. Era difícil usar máquinas. Agora o trabalho é de aprofundar no rejeito. Alguns locais têm 17 metros da cota de rejeitos. Não temos mais corpos e segmentos superficiais. Então é um trabalho imprescindível de máquinas e cães”, relata. O contingente de homens atualmente na área é de 135. Esse número já chegou a 635, conforme Estevo.

Estadão Conteúdo

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