Terrorista Cesare Battisti ‘será encontrado’, diz diretor-geral da Polícia Federal

  • Por Jovem Pan
  • 21/12/2018 14h18 - Atualizado em 21/12/2018 16h21
Alisson Gontijo/Estadão Conteúdo Italiano está foragido desde o dia 13 de dezembro

O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, afirmou nesta sexta-feira (21) que o italiano Cesare Battisti será encontrado pelas autoridades brasileiras. O ex-ativista, condenado a pena perpétua por assassinatos cometidos na década de 1970 na Itália, está foragido desde que sua prisão e extradição foram decretadas.

De acordo o delegado, a Polícia Federal já acionou todos os protocolos internacionais e realizou 32 operações ao longo da última semana para checar informações sobre o paradeiro do Battisti. “Ele será encontrado, em razão da cooperação entre forças policiais brasileiras e internacionais”, disse, durante entrevista coletiva.

Rogério Galloro também explicou que, após a divulgação de fotos com possíveis disfarces do italiano, muitas informações foram enviadas pela população à força policial. “Quando divulgamos fotos recebemos muita informação. Fizemos uma triagem e as mais fidedignas nós apuramos por meio dessas operações”, revelou.

Prisão e extradição

Condenado por homicídios na Itália, o ex-ativista teve sua extradição decretada no último dia 14 de pelo presidente Michel Temer. Ele era procurado desde 13 de dezembro, quando a prisão foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. Um avião do governo italiano já está no País para a transferência.

O pedido de prisão foi feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. No documento, ela alegou que a “custódia cautelar” seria para “evitar o risco de fuga” ou ainda “assegurar a eventual e futura entrega do extraditando à Itália”. No dia 14, Dodge afirmou que a revisão da extradição era “possível” e “constitucional”.

Entenda o caso

Battisti está no Brasil desde 2004, depois de ter vivido por 30 anos como fugitivo na França e no México. A extradição chegou a ser cogitada, mas foi negada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia de mandato. A partir de 2010, o italiano passou a viver em São Paulo e chegou a ser preso ao tentar sair do País com destino à Bolívia.

Jair Bolsonaro, eleito em outubro, já havia demonstrado a vontade de enviar o condenado à Itália. Após essas declarações, Cesare Battisti chegou a dizer que confiava nas instituições brasileiras. Integrante um grupo armado comunista, ele teria cometido diversos homicídios ao longo da década de 1970, pelos quais foi julgado.

Itália agradece

Em agradecimento à extradição, o governo da Itália enviou carta ao presidente do Brasil. “Quero expressar meu mais sincero agradecimento pela decisão sobre o caso do cidadão italiano Cesare Battisti, condenado pela justiça por crimes gravíssimos e que até hoje se subtraiu à execução das sentenças”, diz o texto do presidente Sergio Mattarella.

A carta foi reproduzida pelo governo italiano em redes sociais. “Seu gesto constitui um testemunho significativo da amizade antiga e sólida entre o Brasil e a Itália e atesta a sensibilidade em relação a um caso complexo e delicado, que desperta sentimentos de intensa participação na opinião pública de nosso país”, acrescentou Mattarella.

Grande crédito

Há uma semana, o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, disse que daria “grande crédito” ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, caso ele ajudasse na extradição de Battisti. O decreto de Temer é visto como um adiantamento do desejo já expresso anteriormente pelo sucessor, como forma de facilitar o andamento do novo governo.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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