Cirurgia de Bolsonaro: saiba como será a retirada da bolsa de colostomia

  • Por Nicole Fusco
  • 27/01/2019 18h01 - Atualizado em 28/01/2019 08h44
Estadão Conteúdo A cirurgia do presidente Jair Bolsonaro, marcada para esta segunda-feira (28), tem como objetivo refazer o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia

A cirurgia à qual o presidente Jair Bolsonaro será submetido nesta segunda-feira (28) tem como objetivo refazer o trânsito intestinal do presidente e retirar a bolsa de colostomia que foi colocada no então candidato à presidência da República em 6 de setembro, quando sofreu um ataque a faca em Juiz de Fora, Minas Gerais. Bolsonaro viajou para São Paulo neste domingo (27), para dar início aos preparativos cirúrgicos no Hospital Albert Einstein, na capital paulista.

Entenda como será realizada a cirurgia em Jair Bolsonaro.

A reconstrução do trânsito intestinal ocorre por meio da sutura (costura) da parte do intestino grosso que está exteriorizada na parede lateral do abdômen (figura 1) — a colostomia, propriamente dita, ou como é chamada, tecnicamente, a parte proximal do intestino — com aquela que ainda está dentro da cavidade abdominal — isto é, a distal (figura 2).

“É como um cano que está cortado e será juntada uma boca do cano na outra”, explicou o médico Fábio Guilherme Campos, integrante da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

 

Figura 1. O círculo vermelho representa o local onde foi feita a colostomia do presidente Jair Bolsonaro

Figura 2. A parte do intestino grosso que está exteriorizada (colostomia) será unida com a parte que está dentro da cavidade abdominal do presidente Jair Bolsonaro

Figura 3. Resultado previsto pelos médicos após a sutura (costura) das duas partes do intestino grosso do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Fábio Guilherme, embora essa seja uma cirurgia de médio porte, ela pode apresentar complicações. “Ela tem um risco intrínseco, que é a possibilidade de uma deiscência, ou seja, a abertura da sutura [costura] do intestino que ele vai fazer.”

Mas Campos ressalta que esse risco é calculado. “Ele está nutrido, com boas condições clínicas, não está em situação de urgência e também não tem infecção, diferente de quando tomou a facada”, tranquiliza o médico.

“Esse risco existe, mas é pequeno. É menor do que 2% ou 3% em mãos tecnicamente preparadas”, disse Sérgio Nahas, professor de Cirurgia Geral e de Cirurgia Emergencial da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com os médicos, a cirurgia terá sido bem sucedida quando o intestino do presidente Jair Bolsonaro voltar a funcionar normalmente, o que deve ocorrer entre o terceiro e o quinto dia após a intervenção cirúrgica. À medida que o quadro intestinal apresentar evolução, a dieta vai deixar de ter restrições, explica Nahas.

“Ele vai começar a ingerir líquidos e vai ter sinal de que o intestino está funcionando. Primeiro, ele elimina flatos, depois vai ter evacuação líquida e, à medida que isso ocorre, é possível progredir na oferta da dieta, dando um pouco mais de alimento na forma pastosa. A partir daí, tem que analisar a aceitação do organismo e do doente”, disse.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro estiver de repouso total, o que deve ocorrer nas primeiras 48 horas após a cirurgia, o vice, general Hamilton Mourão, ficará no comando do país. Embora Bolsonaro pretenda despachar de dentro do hospital depois desse período, a recuperação total do presidente deve levar de três a seis meses, segundo Nahas.

“[O presidente Jair Bolsonaro] Tem tudo para ter vida absolutamente normal, em relação ao ganho de peso, absorção, atividade física, o que deve ocorrer num espaço de 3 a 6 meses”. “Não é a normalidade em relação apenas à alimentação, mas também em relação às condições físicas do paciente”, disse o médico.

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